São Paulo - A chuva causou a morte de nove pessoas na capital e na região metropolitana de São Paulo, sete das quais em razão de deslizamentos de terra. Entre os mortos estão duas crianças e uma adolescente. Duas das vítimas eram irmãs Ana Lídia, 8 anos, e Ana Maria de Oliveira Santos, 14 anos. Elas estavam em uma casa soterrada por um barranco que desmoronou ontem de manhã no bairro Santo Bertoldo, em Ribeirão Pires. A mãe delas, Analice de Oliveira Moreira dos Santos, 36 anos, estava desaparecida nos escombros até o início da noite de ontem. Um soterramento também matou Rosângela, 9 anos, no Grajaú (zona sul de SP). Os pais dela, Nivaldo de Oliveira, 37 anos, e Maria das Neves Cardoso, 33 anos, foram achados mortos 12 horas depois.
A casa onde os três estavam veio abaixo, atingida pela vegetação cerrada e por camadas superficiais de pedras de um morro íngreme. Quatro pessoas que moravam no segundo andar foram resgatadas sem ferimentos graves, entre os quais o irmão de Rosângela. "Estava tudo escuro, eu pensei que era só uma árvore que tinha caído", conta a doméstica Adriana Sobral da Silva, vizinha do imóvel.
Por volta das 3 horas, Adriana ouviu "um barulho muito alto de madeira quebrando" e acordou sobressaltada. Foi até a porta e gritou pelos vizinhos, sem saber o que havia acontecido.
Logo ouviram-se pedidos de socorro. "A gente pegou umas pás e enxadas e começou a cavar na direção dos gritos", lembra. Os moradores do andar de cima foram resgatados com vida, mas os do andar inferior, que sofreu o baque da queda da laje, ainda estavam desaparecidos. Por volta das 16 horas, um bombeiro deu a notícia que todos esperavam, mas não queriam acreditar. O casal fora encontrado morto.
Aviso
Morador de uma área de risco no Jardim Santo André, em Santo André (ABC), o aposentado Antonio Soares Ribeiro, 46 anos, morreu quando a encosta onde estava a sua casa desmoronou. Com medo de que o acidente ocorresse, duas filhas da vítima chegaram a ir à casa do aposentado avisá-lo do perigo, segundo Manoel Ribeiro dos Santos, 46 anos, primo da vítima. Ribeiro, no entanto, não quis sair, afirmou.
Em Mauá, também no ABC, a recicladora Edinólia Alves da Silva, 33 anos, morreu soterrada. O filho dela, Júlio César Durval, um ano e oito meses, sobreviveu graças à sua chupeta. Ele dormia na cama com os pais, quando a terra cobriu o seu corpo da cintura para cima.
"Quando o levamos para o hospital, o médico disse que foi a chupeta que salvou meu neto da morte, porque impediu que ele engolisse a terra, disse Sônia Alves da Cruz, 52 anos, a avó.
Em Perdizes (zona oeste), o aposentado Roberto Fazzio, 70 anos, foi encontrado morto após a casa dele desabar. O imóvel ficava no sopé de um terreno em declive.