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Tragédia reacende debate sobre desarmamento no país

Flagrante da chacina -Câmeras do circuito interno da Escola Municipal Tasso da Silveira registraram a ação do atirador Wellington Menezes de Oliveira, o pânico dos estudantes em fuga e a chegada do policial que evitou uma tragédia ainda maior em Realengo. Toda a ação durou cerca de 15 minutos | Reuters
Flagrante da chacina -Câmeras do circuito interno da Escola Municipal Tasso da Silveira registraram a ação do atirador Wellington Menezes de Oliveira, o pânico dos estudantes em fuga e a chegada do policial que evitou uma tragédia ainda maior em Realengo. Toda a ação durou cerca de 15 minutos (Foto: Reuters)
Há mais armas legais do que ilegais no país. Veja |

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Há mais armas legais do que ilegais no país. Veja

A chacina que vitimou 12 adolescentes na Escola Tasso da Silveira reacendeu o debate sobre o porte de arma por civis no país. Embora Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, autor do massacre, apresentasse indicativos de problemas psicológicos, a facilidade para se comprar uma arma – seja no mercado formal ou no informal – é o pano de fundo de uma tragédia que não precisava ter ocorrido.Dados da ONG Viva Rio e do Instituto de Altos Estudos Inter­­nacionais de Genebra (Suíça) revelam a existência de 17 mi­­lhões de armas no Brasil, o equivalente a uma a cada dez habitantes. Boa parte delas (5,4 milhões) é legal. Relatório das Nações Unidas coloca o país na sexta colocação no índice absoluto de armas de fogo com civis, atrás de Estados Unidos, Índia, China, Ale­­manha e França.

A tragédia em Realengo provocou reações imediatas. O Ministério da Justiça admitiu a necessidade de retomar as campanhas de desarmamento da população. Já o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu a revogação do atual Estatuto do Desarmamento. "A realidade hoje é inteiramente outra da que quando nós votamos a lei", afirmou, citando o Referendo sobre o Desarmamento, quando a população decidiu ter o direito a comprar armas, em 2005.

Oliveira portava revólveres calibre 38 e 32, um deles com o número raspado. O outro teria sido roubado de uma residência há 18 anos. Coordenador do programa de Controle de Armas da ONG Viva Rio, Antônio Rangel Bandeira considera a falta de vigilância na porta da escola e de acompanhamento psicológico como principais causas, "mas a facilidade com que qualquer um consegue obter arma de fogo é o pano de fundo da tragédia".

Para Bandeira, o Brasil deveria seguir os exemplos de Japão e Grã-Bretanha, onde o porte de armas para civis foi proibido. "O Japão fez isso e tem o menor número de homicídios do mundo. E a Grã-Bretanha tomou essa decisão tendo bons resultados, após o massacre em uma escola da Escócia", afirma. Apenas 7% das armas do país têm origem estrangeira, os 93% restantes são um problema interno a ser solucionado, avalia.

O professor da Universidade Estadual Paulista Luís Antônio Francisco de Souza, coordenador do Observatório de Segurança Pública da instituição, alega que o controle sobre as armas diminuiria os índices de homicídios. "A letalidade no país é altíssima. A maior parte acontece devido ao uso de armas leves, que entram no mercado de forma legal e são desviadas", diz.

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