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Ele nega

USP demite professor de Direito marxista acusado de assédio sexual contra alunos

USP demite professor de Direito acusado de assédio sexual. (Foto: Francisco Severo / Wikimedia Commons)

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A Universidade de São Paulo (USP) decidiu, nesta quinta-feira (11), demitir o professor de Direito Alysson Mascaro, que se define como de "orientação marxista". Acusado de assédio sexual por dezenas de alunos, Mascaro nega todas as acusações e vai recorrer à Justiça contra a USP. Sua defesa classificou o processo administrativo que levou à demissão como "um jogo de cartas marcadas".

A decisão ocorreu um ano após uma reportagem do portal The Intercept Brasil dar início a uma série de denúncias de assédio sexual e moral. Segundo a apuração do site, entre os anos de 2006 e 2024, Mascaro teria atraído ao menos dez estudantes — todos homens — com promessas de auxílio acadêmico. Após consolidar vínculo, o professor cometia os supostos assédios, que incluíam "beijos forçados" e outras condutas incompatíveis com uma relação entre aluno e professor.

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As denúncias foram anônimas e, de acordo com a defesa, nenhum dos alunos formalizou os relatos por meio de boletins de ocorrência e processos criminais.

Após a publicação da reportagem, o diretório acadêmico da Faculdade de Direito da USP formalizou a queixa junto à reitoria, que então instaurou o processo administrativo disciplinar.

A Procuradoria-Geral da USP informou ter ouvido ao menos 15 supostas vítimas e analisou documentos, além de supostamente ter dado espaço para a defesa de Mascaro.

A defesa do professor afirmou que garantias fundamentais não foram respeitadas ao longo do processo administrativo. Ela ainda chamou o processo de “fraudulento” e disse que recorreria à Justiça comum contra a demissão.

Em meio ao processo, Mascaro publicou o livro Crítica do Cancelamento, no qual reage à própria situação. Na obra, ele defende que a chamada "cultura do cancelamento" seria um sintoma do “capitalismo em crise”.

"As lutas por gênero, raça e orientação afetiva tornam-se instrumentos de reprodução da sociabilidade capitalista, esvaziando seu potencial emancipatório", diz uma sinopse da obra.

A Gazeta do Povo entrou em contato com o professor e ofereceu a oportunidade de conceder uma entrevista. O espaço segue aberto para manifestações.

Disputa de versões

Como Mascaro é uma figura importante de teoria marxista do Direito e professor do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da USP, as denúncias enfrentaram forte resistência. O portal Brasil 247 fez uma defesa aberta do intelectual, chamando sua demissão de "uma das páginas mais vergonhosas da história da USP". Segundo o site, Mascaro foi alvo de "acusações anônimas e jamais comprovadas" em uma "campanha difamatória" que estaria diretamente vinculada à sua orientação sexual.

Por outro lado, o Intercept defendeu sua apuração, afirmando ter identificado todas as supostas vítimas e optado pelo anonimato apenas para protegê-las. "Matérias sobre abuso sexual são extremamente desvantajosas para nós como organização. Elas inevitavelmente levam a ataques contra nosso caráter e profissionalismo e, na maioria das vezes, a batalhas legais longas e caras em um sistema desfavorável ao jornalismo", escreveu a jornalista Tatiana Dias em artigo sobre o caso.

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