Para quem deseja conhecer outras paisagens do Litoral do Paraná além daquelas possíveis da areia das praias, passeios em barcos a vela ou a motor são uma boa alternativa para conhecer praias, ilhas e complexos de estuários (ponto de encontro entre o rio e o mar) de um outro ângulo. Na pequena Antonina, no Trapiche Municipal, localizado em frente à Praça Rio Branco, turistas encontram barcos autorizados prontos a realizar passeios de barcoa qualquer hora do dia.
Em uma quarta-feira de janeiro, sol a pino, André Mazza Jaime, de 41 anos, 20 dos quais em frente a um leme, angaria tripulantes para partir para o terceiro passeio do dia. Capitão de seu próprio barco, é da atividade turística que Jaime tira seu sustento. Em dias de movimento bom, faz até dez passeios com duração de 40 minutos a uma hora. "Trabalho há muitos anos com passeios de barco. É uma opção diferente de turismo ecológico", conta.
Dentro da pequena embarcação, Jaime pede que todos os passageiros vistam o colete salva vidas. Quem estiver animado, pode também escolher entre um chapéu ou um tapa-olho de pirata, para entrar no clima enquanto o roteiro é decidido. Organizado, Jaime dispõe de três opções de passeios; o Roteiro Ecológico, conta, é o que agrada mais aos visitantes. O grupo de oito turistas opta por esse.
"Olhe..."
Enquanto apruma a embarcação em direção aos manguezais, Jaime conversa animado com seus tripulantes, contando histórias da região e da natureza local. "Olhe lá, um colhereiro cor-de-rosa", orienta, apontando para o mangue. "Mas também temos garças, socós e biguás. Os manguezais atraem vários tipos de pássaros marinhos. Também temos uma vista panorâmica do Pico Paraná, a montanha mais alta do Sul do Brasil", narra, indicando também o Pico Marumbi e a Serra do Mar.
40 min.
Devidamente paramentada de pirata, Sara Larissa de Britto Otto, 7 anos, andava de uma ponta a outra do barco, mais interessada na "aventura náutica" do que nas lições de Jaime sobre a topografia da Baía. "O passeio é bem legal. Minha mãe não quis vir, ela ficou no trapiche. Não sabe o que está perdendo", afirma.
Quarenta minutos depois de partir, o barco retorna ao trapiche. O passeio é curto e barato (R$ 10), mas mata a vontade. "O visual da baía é sensacional. Transmite paz, coisa que não se encontra na praia", define Regina Stocco. De Maringá, ela chegou a Antonina por acaso. "Estava em Morretes e queria ir para Matinhos. Peguei a direção errada e acabei em Antonina. Dei uma caminhada e resolvi ficar um ou dois dias para conhecer".
Roteiro histórico
Um outro roteiro interessante de barco é passar pelo Porto de Antonina Terminal Barão de Teffé e pelas ruínas do Complexo Industrial Matarazzo, desativado há 40 anos. Edificado na primeira década do século XX, o complexo é composto pelas instalações de moinhos de trigo, casas para funcionários, escola e vila de operários. O conjunto arquitetônico é parte de uma fase profícua da economia do estado o ciclo da erva-mate.
Outras opções
O Litoral do Paraná oferece diversos roteiros de passeios de barcos à vela ou motorizados, ou ainda de caiaques, para quem quiser conhecer as baías, ilhas, praias e complexos estuários que compõem a topografia litorânea do estado. Destaque para a Baía de Guaratuba; as ilhas das Peças e dos Papagaios, em Guaraqueçaba; e a Ilha do Mel, em Paranaguá.
Um dos destinos mais procurados por sua beleza natural e infraestrutura mais simples é a Ilha de Superagui, em Guaraqueçaba. Com cerca de mil habitantes, a ilha oferece hospedagem simples e gastronomia local de primeira.
Para chegar lá, você pode sair de Paranaguá, onde há barcos com destino à ilha nas segundas, quartas e sextas-feiras, sendo que durante a temporada e feriados há mais embarcações em horários diversos. Ou de Guaraqueçaba, de onde os barcos saem nas segundas, quartas e sextas feiras no período da tarde.