Em frente ao Palácio Iguaçu, ao lado de duas alunas, a professora de ensino profissionalizante Thereza Christina Duarte falava sobre os momentos traumáticos que viveu no Centro Cívico no último dia 29. “Até hoje escuto os estouros e os gritos. Já faz três dias. Me dá um pânico”, diz.
“Hoje estava almoçando em um restaurante e começou. Ouvi “bum, bum, bum” aqui na minha orelha. Olhei para os lados para ver se outras pessoas estavam ouvindo também. Aí percebi que era só eu.”
Com os cabelos brancos presos em um rabo de cavalo apertado, Thereza estava vestindo roupas pretas, assim como os outros professores que circulavam pela praça Nossa Senhora da Salete durante o feriado de 1º de Maio, em uma manifestação de luto.
Como um jeito de dividir a indignação e a dor com os demais, várias pessoas começavam a contar seus relatos em voz alta.
Thereza conta que estava em frente ao palácio do Tribunal de Justiça quando a confusão começou e os mais de mil policiais que cercavam o prédio reagiram com violência.
“Eu não conseguia acreditar no que via. Meus colegas correram e os policiais saíram atirando e jogando bomba atrás. Não tinha para onde fugir”, lembra.
“Enquanto eu viver, enquanto nós estivermos vivos, isso não será esquecido. Vamos sempre lembrar o que aconteceu para os nossos alunos, os pais de nossos alunos e para toda a sociedade. Não pode ser perder na memória.”
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