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Com demissão, Geddel Vieira Lima perde foro privilegiado | Valter Campanato/Agência Brasil
Com demissão, Geddel Vieira Lima perde foro privilegiado| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Secretaria Geral de Governo, Geddel Vieira Lima, pediu demissão do governo de Michel Temer nesta sexta-feira (25). A manobra é uma tentativa de conter a crise política desencadeada pelas revelações do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que diz ter sido pressionado pelo presidente Michel Temer (PMDB) a liberar um empreendimento imobiliário em Salvador para favorecer Geddel. A carta com a decisão de sair do cargo foi entregue na manhã desta sexta-feira a Temer.

Leia a íntegra da carta enviada a Temer

Logo após a confirmação do pedido de demissão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, a atenção está voltada para a definição de um substituto para o cargo, responsável pela articulação do governo com o Congresso. Os nomes ainda estão sendo colocados na mesa, mas segundo fontes do Planalto, o objetivo é chegar a um consenso o mais rapidamente possível para tentar estancar a crise causada pelo episódio.

Todas as conversas com Temer foram gravadas por Calero. Com a demissão, Geddel perde o foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). As gravações, se comprovadas, não apenas confirmariam o seu relato, mas desmentiriam cabalmente o presidente da República, alçando a crise que não estava na agenda do governo a outro patamar.

Num apressado desmentido, ontem, disse o porta-voz de Temer, Alexandre Parola: “O presidente jamais induziu algum de seus ministros a tomar decisão que ferisse normas internas ou suas convicções”.

Se os áudios de Calero confirmarem o que ele declarou à Polícia Federal, Temer o convocou ao Planalto para obrigá-lo a resolver, contra a sua vontade, um problema particular de um assessor e amigo: a liberação de edifício no qual Geddel Vieira Lima diz possuir um apartamento, na orla em Salvador.

Mais: Temer já teria acionado outro órgão do governo, a Advocacia-Geral da União (AGU), para dar uma solução para o caso. Ou seja, com o país mergulhado numa crise sem precedentes, a cúpula do governo teria sido mobilizada para providenciar a vista de Geddel para a Baía de Todos os Santos.

A conversa, ainda segundo Calero, teria se encerrado com a seguinte afirmação de Temer a ele: “a política tem dessas coisas, esse tipo de pressão”. Com o presidente da República gravado e exposto a um grau de constrangimento poucas vezes visto, Geddel não resistiu. Mas isso não é garantia do fim da crise.

A carta de Geddel a TemerReprodução

Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer, iniciado em maio após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Os outros foram o próprio Marcelo Calero (Cultura), Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

“Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer,

Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair.

Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior que tudo isso.

Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo.

Retornado a Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor.

Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil.

Um forte abraço, meu querido amigo.”

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