Libertado da prisão e com autorização para permanecer no Brasil, o italiano Cesare Battisti recebeu uma proposta para trabalhar com tradução de livros, segundo relatou seu advogado de defesa, Luiz Eduardo Greenhalgh, ao G1.
Battisti, que já publicou livros, deve continuar a escrever no Brasil.
"A editora que publica os livros dele ofereceu a possibilidade de ele também, além de escrever seus próprios livros, ajudar na tradução. Ele fala italiano, português, francês e espanhol. Acho que ele vai ajudar na tradução de alguns autores indicados pela editora. Vai aumentar um pouco o salário dele", disse Greenhalgh.
A reportagem não conseguiu contato com a editora.
O Conselho Nacional de Imigração, vinculado ao Ministério do Trabalho, concedeu nesta quarta-feira (22) autorização de permanência para o ex-ativista de esquerda. Com o documento, o italiano poderá viver e trabalhar por tempo indeterminado. A autorização de permanência é um pré-requisito para a concessão do visto definitivo, que neste caso é tarefa do Ministério da Justiça.
Questionado se o italiano pretende escrever sobre sua vida e a batalha judicial por sua extradição, o advogado respondeu que acha isso provável. "É a saga dele", justificou.
Ainda de acordo com a defesa, Battisti não quer conceder entrevistas, afirma Greenhalgh, e encarou a decisão do Conselho Nacional de Imigração com "naturalidade".
"Ele não se entusiasmou nem se deprimiu. Acho que ele tem compreensão de que agora é um novo período da vida dele e acho que ele espera poder viver em paz daqui por diante", disse o advogado.
No dia 8 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter o italiano no Brasil. Battisti ficou mais de quatro anos preso no Brasil, aguardando o desfecho do pedido de extradição feito pelo governo da Itália. Acusado de quatro assassinatos, ocorridos na Itália, durante a luta armada na década de 70, Battisti foi condenado à prisão perpétua em seu país de origem.
Os ministros do STF mantiveram a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, no final do ano passado, negou o pedido de extradição feito pelo governo da Itália.
Um dia após deixar a prisão em Brasília, o italiano telefonou para as duas filhas adolescentes, que vivem na França, e pediu para que elas o visitem no Brasil.
"É possível que elas venham aqui visitá-lo proximamente. Sei que ele pediu para as filhas virem ao Brasil porque está com saudade", contou Greenhalgh.
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