Analistas de pesquisas eleitorais costumam olhar para alguns dados que, normalmente, são pouco levados em consideração pelos leigos. A população se interessa pelos números brutos – aqueles que tentam predizer os porcentuais de votação que os candidatos teriam se a eleição fosse realizada no dia em que os institutos encerram as entrevistas.
O Ibope/RPC (*) divulgado na noite de sexta-feira (21) mostrou que Ney Leprevost (PSD), com 53% dos votos válidos, mantém liderança relativamente folgada: seu adversário, Rafael Greca (PMN), aparece com 47% – seis pontos de diferença. O resultado indica empate técnico, considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo.
São dados como estes que ganham importância para o leigo, mas os analistas vão olhar para dados de tendências. E vão procurar nas menores dobraduras das pesquisas dados que medem não a escolha do eleitor, mas a sensação que ele tem sobre quem vai ganhar a eleição.
Este sentimento muitas vezes é determinante para mensurar a “onda”, a direção dos ventos. Assim: em agosto, quando se iniciava a campanha do primeiro turno, a resposta para a pergunta da pesquisa (**) sobre quem iria ganhar a eleição, independentemente da escolha que já tivessem feito, era que 27% “sentiam” que Greca ganharia a eleição; 22% acreditavam que Gustavo Fruet seria reeleito; e apenas 4% apostavam tímidas fichas em Leprevost.
A mudança das tendências eleitorais ficaram cada vez mais claras ao longo da campanha de primeiro turno, quando se notou a sensação popular de que Leprevost poderia superar Fruet. A votação final comprovou que a “onda” estava mais certa do que os números brutos apresentados pelo Ibope (***) na véspera do pleito, que apontava Fruet 5 pontos à frente de Leprevost.
Agora, no segundo turno, a primeira pesquisa Ibope (*) fez de novo a mesma pergunta: “Independente da sua intenção de voto neste segundo turno, na sua opinião, quem será o próximo prefeito de Curitiba?” A resposta, apesar da diferença de apenas 1 ponto porcentual, mostra que a população está mais crente de que Ney ganhará de Greca (44% a 43%).
Estrategistas da campanha de Greca observam esta tendência e é ela que explica o esforço para promover a inversão da onda. Ataques pesados contra Leprevost têm exatamente este objetivo: aumentar a rejeição do adversário e mudar o sentimento de que ele será o vencedor. O público-alvo desta estratégia, claro, são principalmente os 17% dos curitibanos indecisos – contingente mais do que suficiente para mudar completamente o cenário.
Pancadaria útil
A pancadaria entre os candidatos à prefeitura de Curitiba nesta reta final de campanha está de dar inveja à dupla Donald Trump e Hilary Clinton, que disputam a presidência dos Estados Unidos. Aqui, os ataques pessoais de baixo nível, se são vergonhosos para Rafael Greca e Ney Leprevost, mais ainda para os eleitores que, com certeza, estariam melhor servidos se ouvissem deles mais propostas sérias para a cidade.
Convenhamos, no entanto, que a “baixaria” tem lá sua utilidade. Ainda que maliciosamente destinada a produzir sentimentos e efeitos político-eleitorais, ela pode servir para revelar o verdadeiro caráter dos candidatos – assim como, agora, quando americanos (e o mundo) puderam conhecer melhor o verdadeiro caráter de Trump.
Manter indefinidamente a suspeita de que estariam ilegalmente na sua chácara objetos que sumiram do museu Casa Klemtz são um malefício que Greca faz para a própria biografia – coisa que não se corrige com seu tardio pedido à Justiça para que nomeie um perito para examinar as obras que guarda. Vem tarde e só depois que o advogado Paulo Demchuk, em ação popular, pretende responsabilizar o candidato pelo desaparecimento das peças e a prefeitura pela omissão na tomada de providências.
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