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Congresso tem que cortar na carne, diz deputado

De acordo com Ivan Valente (PSOL-SP), CPI da Petrobras não pode ter dois pesos e duas medidas

Apesar de afirmar que permaneceria em silêncio durante o depoimento, ex-diretor da Petrobras Renato Duque atacou o executivo Augusto Mendonça | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Apesar de afirmar que permaneceria em silêncio durante o depoimento, ex-diretor da Petrobras Renato Duque atacou o executivo Augusto Mendonça (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), membro da CPI da Petrobras, criticou nessa quarta-feira (2) a condução dos trabalhos da comissão e disse que o Congresso Nacional precisa “cortar na própria carne”. O deputado criticou o fato de nenhum político ter sido convocado para depor sobre os desvios de recursos da Petrobras desde que os trabalhos começaram.

A CPI da Petrobras realizou três sessões em Curitiba nessa semana para interrogar investigados presos da Operação Lava Jato. Foram ouvidos executivos das construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht, operadores do esquema e ex-funcionários da Petrobras. De todos os depoentes, poucos abriram mão do direito ao silêncio para responder aos deputados.

O empresário Marcelo Odebrecht chegou a responder a algumas perguntas, mas não trouxe elementos novos às investigações. O depoimento do executivo foi marcado por perguntas amenas e quase elogiosas por parte dos deputados da CPI.

Na acareação feita nessa quarta (2), apenas o executivo Augusto Mendonça se comprometeu a responder a todos os questionamentos. O ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse que ficaria em silêncio, mas respondeu a algumas questões. Já o ex-tesoureiro do PT João Vaccari ficou calado.

Políticos

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a CPI precisa se concentrar em ouvir os políticos suspeitos de envolvimento no esquema. “O papel dos políticos precisa ser feito de qualquer jeito, se não a CPI vai acabar se desmoralizando. O Congresso Nacional tem que cortar na própria carne”, disse Valente. “Os processos em Curitiba já estão em andamento. Os empresários estão condenados, inclusive. Então nós não podemos deixar de fazer também o nosso papel”, afirmou o deputado.

Valente reclamou pela demora em ouvir o executivo Julio Camargo, que afirmou em depoimento em regime de colaboração premiada ter entregue dinheiro de propina para o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB). “Nós não podemos ter dois pesos e duas medidas”, disse.

O parlamentar também criticou a vinda da CPI para Curitiba. “Toda a vinda da CPI, algum saldo tem. Mas eu acho que a CPI precisa racionalizar a sua ação”, disse o deputado. “Nós ainda não convocamos nenhum político para depor na CPI e nós temos mais de 38 parlamentares que estão envolvidos”, completou.

Saldo positivo

Ao contrário da avaliação de Valente, o vice-presidente da CPI, Kaio Maniçoba (PHS-PE), avaliou como positiva a passagem da comissão por Curitiba. “Se não viéssemos para Curitiba poderiam dizer que não estávamos querendo ouvir um ou outro ligado a uma empresa ou um partido. Então isso demonstra que a CPI está buscando fatos, independente de partido ou de coligação partidária”, disse.

Maniçoba também classificou como produtiva a acareação realizada entre o executivo Augusto Mendonça, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, realizada nessa quarta-feira (2). “Acho que essa acareação foi muito produtiva, apesar de que todos chegam com seus habeas corpus e acabam dificultando o trabalho da CPI, mas a CPI é isso, temos que tentar”, avaliou o vice-presidente.

Essa é a segunda vez que a CPI da Petrobras realiza sessões em Curitiba para ouvir investigados presos na Lava Jato. A primeira vez foi em maio desse ano, quando foram ouvidos o doleiro Alberto Youssef, os ex-deputados Pedro Corrêa (PP), André Vargas(ex-PT) e Luiz Argolo (SD), a doleira Nelma Kodama e o operador Fernando Soares, o Fernando Baiano, entre outros.

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