Brasília completa hoje 49 anos e se inspira em Curitiba para tentar aprimorar sua infraestrutura urbana. O governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (DEM), aposta em dois ex-prefeitos da capital paranaense, Cassio Taniguchi e Jaime Lerner, para implementar na cidade soluções ambientais e de transporte urbano bem conhecidas entre os curitibanos, como o uso de canaletas exclusivas para ônibus. A importação desses modelos, porém, gera mal-estar entre arquitetos brasilienses.
Taniguchi foi eleito deputado federal pelo DEM em 2006, mas licenciou-se no começo de 2007 para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do Distrito Federal. Na mesma época, Arruda contratou Lerner para a elaboração de diversos projetos de urbanismo. O ex-governador assina a construção de três novos parques, e da Via Interbairros, que ligará a cidade satélite de Samambaia à Asa Sul, no Plano Piloto.
Dois dos espaços verdes ficam em Taguatinga (maior cidade do DF): o Taguaparque e o Parque do Cortado. O espaço mais nobre é o Parque Burle Marx, localizado na Asa Norte, no Plano Piloto. "Os parques estarão mais integrados à cidade, sem cercas, como é o caso do Parque Barigui", diz Taniguchi.
O secretário também avalizou a ideia de construir 80 quilômetros de vias exclusivas para ônibus. A primeira metade do projeto deve começar a sair do papel em 2010, a um custo de R$ 250 milhões. Após essa etapa, o sistema poderá operar integrado.
O plano é que essas novas avenidas sejam usadas por ônibus rebaixados e articulados, com maior capacidade de passageiros. Serão utilizados modelos similares às estações-tubo. "Apostar nesse sistema é muito mais barato e eficiente. Estamos falando de 2% a 5% do preço final de uma obra de metrô." Nesse sentido, Brasília vai contra a atual tendência de Curitiba, que planeja começar a construção do metrô no ano que vem. Para Taniguchi, essa seria uma opção vantajosa somente se a prefeitura tivesse dinheiro sobrando.
Críticas
O professor de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo afirma que a escolha de Taniguchi como secretário e a compra de projetos de Lerner ofendem os profissionais do DF. "Lerner foi contratado por notório saber para elaborar alguns projetos que já haviam sido escolhidos em concursos públicos nacionais."
O professor também questiona o método de escolhas técnicas de Arruda. "Ele é um copiador notório, sem qualquer senso crítico do que Brasília precisa." O projeto urbanístico da cidade, que é patrimônio cultural da humanidade, foi elaborado por Lúcio Costa na década de 50 e passou por poucas atualizações. Lerner foi procurado pela reportagem para comentar o assunto, mas não foi localizado.
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