O empresário J oão Antônio Bernardi Filho desmentiu em seus depoimentos a informação de que os R$ 100 mil em espécie roubados em um assalto no Rio de Janeiro em 2011 fossem ser entregues para o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Bernardi firmou um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) para contar o que sabe sobre o esquema da Operação Lava Jato em troca de uma pena menor.
Em um dos depoimentos, o empresário explica o episódio do assalto, ocorrido na saída do banco em outubro de 2011. Segundo Bernardi, o valor roubado seria utilizado para pagar um empréstimo realizado pelo executivo Augusto Amorim Costa, da Queiroz Galvão, para o pagamento de despesas de imóveis adquiridos no Brasil pela empresa Harley, utilizada para administrar o dinheiro recebido por Duque a título de propina.
“Quando transitava no interior do prédio BNDES, a fim de ganhar acesso à Av. Chile, o colaborador foi abordado por um indivíduo portando dois revólveres”, disse Bernardi aos investigadores. Segundo o depoimento, o assaltante teria agido sozinho, e apesar de portar duas armas de fogo ainda conseguiu carregar a mala de dinheiro roubada de Bernardi.
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Leia a matéria completaBernardi conta aos investigadores que após uma perseguição policial compareceu à uma delegacia, onde lhe foram devolvidos R$ 43 mil que teriam sido recuperados do assalto. “O restante dos valores se perdeu em meio a perseguição policial”, afirmou o colaborador.
Agência suspeita
Em seu depoimento, Bernardi afirma acreditar que “pessoas ligadas a Petrobras, ou mesmo funcionários, buscavam valores no interior da agência” em que o executivo da Queiroz Galvão lhe entregou o empréstimo de R$ 100 mil. Trata-se de uma agência do banco Itaú Personalité, situada no Centro do Rio, a cerca de 100 metros da estatal.
De acordo com o empresário, Augusto Amorim Costa se dirigiu ao subsolo da agência, onde eram mantidas as caixas cofres, “e após pouco tempo, retornou e entregou ao colaborador um envelope com o valor de R$ 100 mil em espécie”. Costa teria afirmado que “o gerente da agência apoiava-o”, mas Bernardi não diz o nome do gerente em seu depoimento.
Acordo
O acordo de colaboração premiada de Bernardi foi homologado nesta segunda-feira (26) pelo juiz federal Sergio Moro. O empresário deixou a prisão e pagará multa de R$ 1,1 milhão. Bernardi vai devolver US$ 10 milhões em imóveis e obras de arte. Entre os assuntos tratados em sua delação estão propinas em obras da Petrobras. O empresário foi preso em junho desse ano, quando foi deflagrada a 14.ª fase da Lava Jato, batizada de Erga Omnès.
Outro lado
Em nota, a Queiroz Galvão afirmou que “sempre agiu segundo os mais altos padrões de ética corporativa”. A companhia ressaltou que está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários. Augusto Amorim Costa não foi localizado.
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