O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse aos senadores em plenário, na quinta-feira, que não tem "nenhuma responsabilidade administrativa" na fundação que leva o seu nome sediada em São Luís. O parlamentar omitiu informações dos colegas. O jornal O Estado de S.Paulo obteve o estatuto da Fundação José Sarney. O documento contradiz o que ele afirmou em sessão do Senado, cujas falas são registradas nas notas taquigráficas.
O estatuto revela que, além de ser uma instituição de exaltação à figura de Sarney, a fundação está sob as ordens do parlamentar e de sua família. Em sete páginas, o nome do senador aparece por 12 vezes. O artigo 19 do capítulo 5 enumera cada uma das responsabilidades de Sarney como "presidente vitalício" e fundador da entidade. Entre as funções, está a tarefa de "assumir responsabilidades financeiras" e o "poder de veto" sobre qualquer decisão tomada pelo conselho curador - também presidido pelo senador. Na quinta-feira, o Estado revelou que a Fundação José Sarney desviou para empresas fantasmas e da família do senador ao menos R$ 500 mil da verba de R$ 1,3 milhão repassada pela Petrobras para um projeto cultural que nunca saiu do papel.
O estatuto diz que "compete" a Sarney presidir reuniões do conselho curador, "orientar" atividades e representá-la em juízo. Entre os membros do conselho, estão um filho de Sarney, Fernando, um irmão, Ronald Sarney, e Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney, filha do presidente do Senado. Ex-ministro da Justiça no governo Sarney, Saulo Ramos também integra esse colegiado, assim como o empresário Miguel Ethel, que presidiu a Caixa Econômica na gestão presidencial do senador.
Cabe ao conselho curador nomear os três titulares do conselho fiscal. Compõem esse colegiado Antônio Carlos Lima, Joaquim Campello Marques e Jurandi de Castro Leite. O primeiro, conhecido como "Pipoca", é assessor do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), aliado de Sarney. Empresas ligadas a Lima receberam mais de R$ 170 mil dos cofres da fundação de recursos da Petrobras. Os outros dois membros são do ramo literário e amigos do senador. Joaquim Campello é lotado na presidência do Senado e ocupa a vice-presidência do Conselho Editorial da Casa, também presidido por Sarney.
O estatuto da Fundação José Sarney está registrado em um cartório de São Luís e foi anexado à prestação de contas entregue ao Ministério da Cultura, que liberou o projeto patrocinado pela Petrobras. Uma procuração assinada por Sarney dá poderes para José Carlos Sousa e Silva apenas agir como "presidente em exercício" na sua ausência.
Em nota, a Fundação José Sarney contestou reportagem do Estado na quinta-feira. Afirma que o projeto não previa digitalização do acervo do museu, nem instalação de computadores para consulta. Não é o que diz a proposta entregue ao Ministério da Cultura. O texto diz que na 10ª etapa do trabalho teria "implantação do sistema e dos terminais de consulta". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
- Líder do PSDB denuncia diretor da Fundação José Sarney à PGR
- Lula diz que presidente não pode enquadrar senadores
- Sarney usou cargo para ajudar fundação, diz jornal
- Revista britânica chama Senado de "casa de horrores"
- Líder tucano quer investigação sobre denúncia de desvio de recursos pela Fundação José Sarney
Eleição de Trump ajuda na alta do dólar, mas maior vilão foram gastos excessivos de Lula
Empresas que controlam prisões privadas esperam lucrar com deportações prometidas por Trump
Peter Thiel, o bilionário que emplacou o vice de Trump e deve influenciar o governo
Lula fecha os olhos ao drama das crianças ucranianas
Deixe sua opinião