Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Lava Jato

Doleiro Alberto Youssef decide fazer delação premiada, diz advogado

Ainda não há informações se o doleiro já negocia com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal a delação ou se a conversa irá começar a partir da decisão de Youssef

Youssef: doleiro irá alegar que as escutas da PF foram ilegais e que o juiz é suspeito | Arquivo/ Jornal de Londrina
Youssef: doleiro irá alegar que as escutas da PF foram ilegais e que o juiz é suspeito (Foto: Arquivo/ Jornal de Londrina)

O doleiro Alberto Youssef decidiu fazer a delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A informação é de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do doleiro no Superior Tribunal de Justiça (STJ). "É uma pena, temos uma tese jurídica que era importante no STJ", diz o criminalista. Ainda não há informações se o doleiro já negocia com o Ministério Público Federal (MPF) e com a PF a delação ou a conversa irá começar a partir da decisão de Youssef.

Durante a tarde, a reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o advogado de Alberto Youssef no Paraná, Antônio Augusto Figueiredo Basto, mas ele negou que o doleiro tenha firmado acordo de delação premiada. "Ele estava em audiência ontem (segunda) e hoje (terça)", disse Basto. "Eu não assinei nada e não tem depoimento nenhum. Trata-se de uma especulação", afirmou o advogado.

Já o Antônio Carlos de Almeida Castro diz ter sido avisado sobre a delação e que o doleiro tomou a decisão por pressão familiar e porque vários outros decidiram fazer a delação. O advogado deixará o caso.

Desde que a imprensa noticiou o suposto acordo de delação premiada firmado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o Ministério Público Federal (MPF) não tem se pronunciado sobre o assunto. Porém, fontes da instituição já haviam adiantado que, caso Youssef resolvesse colaborar com a Justiça, os procuradores exigiriam mais que depoimentos, mas também provas documentais consistentes em troca de benefícios para o réu.

Mesmo com o acordo da delação premiada, é provável que o doleiro tenha que, além de entregar todos os seus bens ilícitos, cumprir quatro anos de prisão em regime fechado e outros quatro em regime aberto. O rigor adicional que os procuradores têm com Youssef deve-se ao fato do doleiro já ter descumprido um acordo de delação que assinou em 2004, quando foi investigado por remessas ilegais que fez usando o Banestado, banco do governo do Paraná (leia ao lado).

Youssef se comprometeu a deixar o mercado paralelo de dólares, mas, em vez disso, aumentou ainda mais o volume de seus negócios. Como desrespeitou a promessa, o processo do Banestado foi reaberto em maio deste ano pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, e Youssef foi condenado a quatro anos de prisão. A ação penal havia sido instaurada em 2003 e os crimes de Youssef, perdoados em 2004.

Lava Jato

O caso do Banestado antecede os crimes abrangidos pelas investigações da Operação Lava Jato. Youssef é acusado em cinco processos decorrentes da atual operação da PF -- entre eles um envolvendo desvios em contratos da Petrobras.

O doleiro está preso desde março, suspeito de ter remetido para fora do país, de forma fraudulenta, US$ 444,7 milhões entre julho de 2011 e março de 2013. Segundo a Justiça, ele cometeu esse crime 3.649 vezes. Na terça-feira (16), Youssef negou envolvimento com transações financeiras vinculadas ao tráfico internacional de drogas. Ele é suspeito de ter realizado operação de câmbio de US$ 36 mil para importação de cocaína da Bolívia.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.