O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, contou aos investigadores da força-tarefa, em delação premiada complementar, que deu R$ 150 mil para o ex-deputado federal Carlos Magno (PP-RO). O dinheiro teria sido repassado para que o ex-parlamentar pudesse se tratar de uma crise de hepatite C.
A ‘doação’ furou resistência do próprio partido, que se opunha à entrega do valor para o ex-parlamentar. O depoimento do doleiro foi gravado em vídeo, em 12 de fevereiro deste ano, pela força-tarefa da Lava Jato, formada por delegados da Polícia Federal e procuradores da República.
“Eu também cedi esse dinheiro desses recursos para que ele (Carlos Magno) pudesse fazer esse tratamento em São Paulo, porque ele estava precisando”, declarou Youssef. “Na época, ele precisou desse valor e criou-se uma polêmica no partido. Eu falei: ‘Pô, vocês vão deixar o cara morrer? Vocês estão de sacanagem, né? Por causa de R$ 150 mil? Eu peguei e mandei esse dinheiro para ele no hotel.”
Os recursos a que se refere o doleiro eram provenientes do esquema de corrupção e propina instalado na Petrobras e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato. Os partidos PP, PT e PMDB são suspeitos de lotear diretorias da Petrobras para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel.
Youssef conta que membros do PP “ficavam enrolando” para mandar o dinheiro do tratamento de Carlos Magno. Ele afirmou que diante da situação pegou a quantia e mandou ‘mesmo sem a autorização de todos’.
“Ele conseguiu fazer o transplante, então, depois?”, perguntou Youssef aos investigadores após eles lhe contarem que o deputado havia conseguido o transplante de fígado.
O doleiro disse nunca encontrou com o ex-parlamentar. Adarico Negromonte - irmão do ex-ministro de Cidades do governo Dilma Rousseff (PT) Mário Negromonte e apontado como um dos carregadores de malas de dinheiro de Youssef -, teria sido o responsável por entregar o dinheiro a Carlos Magno.
O delator reconheceu o ex-deputado após os investigadores exibirem uma foto dele. “É ele mesmo”, disse Youssef. “Questão de saúde. O cara estava precisando. Para você ver como é político, né?”
Youssef afirmou que Carlos Magno também recebia a cota mensal de propina do PP. Segundo a Procuradoria-Geral da República, diretores da Petrobras pagavam mesada a deputados para terem apoio político e permanecerem em seus cargos por longo período.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal identificaram uma estrutura de quatro núcleos do esquema de corrupção na Petrobras - político, administrativo, econômico e financeiro. Para Rodrigo Janot, chefe do Ministério Público.
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