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Dilma Rousseff, em campanha no Rio Grande do Sul: petista luta pelo voto cristão. | André Luiz Nogueira
Dilma Rousseff, em campanha no Rio Grande do Sul: petista luta pelo voto cristão.| Foto: André Luiz Nogueira

Apoio do PV não será garantia de transferência de votos

A esperada disputa polarizada entre PT e PSDB rachou ao meio graças a Marina Silva (PV). Com quase 20 milhões de votos, a candidata agora ameaça ser o fiel da balança no segundo turno. Tanto que o apoio "verde" já desperta declaradamente a cobiça de Dilma Rousseff e José Serra.

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Serra deve ter aliados mais empenhados

Escondido por colegas de partido nas eleições regionais durante o primeiro turno, José Serra deverá ter aliados mais empenhados por sua candidatura nesta segunda etapa da corrida presidencial, segundo avaliação de analistas políticos. A definição da disputa a favor dos tucanos em estados importantes – Minas Gerais e São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do país, ficaram nas mãos do PSDB – deixa os principais nomes do partido livres para colocar suas tropas para trabalhar pela eleição de Serra.

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A cultura dos brasileiros de tentar levar as eleições sempre para o segundo turno, o escândalo envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra – suposto tráfico de influência no governo federal – e a postura da candidata Dilma Rousseff (PT) em relação a questões polêmicas, como o aborto, explicam porque a petista não levou o pleito no primeiro turno, segundo cientistas políticos ouvidos pela reportagem. Para o segundo turno, dizem os especialistas, Dilma Rousseff é a grande favorita, mas terá de mexer no discurso.

"Surpresa seria uma vitória no primeiro turno. Fora a eleição do [Fernando Henrique Cardoso] FHC, todas tiveram segundo turno", diz o cientista político Malco Camargos, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMG). "O brasileiro não gosta de dar vitória no primeiro turno para ninguém. Nem o Lula levou. O único que venceu no primeiro turno foi o FHC. Houve uma campanha pesada contra Dilma, com uma reação de valores conservadores e religiosos", avalia o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB).

Para o cientista político Cláudio Couto, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o escândalo foi o que mais pesou. "O fator principal foi o escândalo Erenice. Afinal de contas é muito complicado para ela dizer que a sua principal auxiliar mantinha uma rede nepotista no governo. E uma rede profundamente corrupta."

Além do escândalo Erenice e de questões de fundo moral, para o cientista político, coautor do livro Sistema político brasileiro – uma introdução, Antônio Octávio Cintra, a história política da candidata também influenciou. "Ela era uma candidata que não existia politicamente. Começou com o apoio do Lula. A Dilma se domou, mas para muita gente ela passa a imagem de falsa, de criada. Para muitos ela desempenha esse papel e isso pesou nesta reta final", diz.

Para o segundo turno, de acordo com os especialistas, Dilma é a grande favorita, já que a velha máxima de que "começa uma nova eleição" não passa, segundo eles, de uma falácia. "Ela parte na frente. Não é verdade que no segundo turno zera tudo. Essa eleição começou faz quatro anos. Ela tem um governo altamente avaliado por trás. O Serra terá dificuldade", afirma Camargos.

O cientista político da UnB Paulo Kramer concorda. "Em termos de estratégia, tem que ser destacado que na história das eleições brasileiras desde 1989, o primeiro colocado no primeiro turno sempre venceu o segundo. Aquele velho ditado de que segundo turno é uma nova eleição não vale muito para a disputa presidencial."

Segundo Barreto, mesmo com o favoritismo ao seu lado, Dilma terá que trabalhar bastante no segundo turno. "Ela é favorita ainda, mas vai ter de mexer na estratégia: lidar com o caso Erenice, falar muito de Lula, de Deus e religião e tentar assumir uma pauta ambiental".

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