Cascavel tem Câmara Jovem
Uma lei aprovada pela Câmara de Vereadores de Cascavel, no Oeste do Paraná, em 2007 vem despertando em jovens estudantes o interesse em fazer política com responsabilidade. A Câmara Jovem é um projeto que tem como objetivo promover a interação entre os vereadores da cidade e as escolas públicas e privadas. A iniciativa já rendeu projetos de lei e ajuda vários estudantes a mudar a forma de ver a vida pública.
Anualmente, estudantes elegem um vereador e dois suplentes para representar cada escola do município. Em 2010 foram eleitos 31 vereadores, com idade entre 14 e 16 anos. Duas vezes por mês eles se reúnem na Câmara de Vereadores para as sessões ordinárias quando são debatidos projetos de interesse das escolas e da comunidade. O mandato de cada parlamentar é de um ano, sem direito a reeleição.
Um projeto de lei gerou debate e diversos argumentos, a favor e contra, a proposta da criação de casas noturnas apenas para fumantes na Câmara Municipal de Curitiba. Apesar de bem defendida, a iniciativa foi rejeitada por unanimidade. Não se trata de um retorno da lei antifumo para a pauta da Casa, mas de uma sessão simulada por estudantes de Ensino Médio do Colégio Estadual Santa Cândida. Essa vivência da realidade do legislativo é o que propõe o projeto Cidadão do Futuro, que tem por objetivo aumentar o interesse dos jovens pela política.
O autor da polêmica proposta foi o estudante Lukas Gibor, 17, que cursa o 3º ano do Ensino Médio integrado ao curso técnico em Administração de Empresas. "Foi muito legal participar, mesmo a proposta não tendo sido aprovada", afirma o aluno que trabalha no Tribunal de Justiça. "Passei horas estudando a constituição do nosso país para ter argumentos sólidos", conta.
Cerca de 90 estudantes participaram da 7º edição do projeto, que ocorreu na quinta-feira (10) e se repete uma vez por mês. Numa primeira parte, os jovens assistem a uma palestra sobre o projeto, o funcionamento da Câmara e o exercício da cidadania. Na segunda etapa, há a sessão simulada. Os projetos de lei são trazidos já prontos pelos alunos, que debatem as questões envolvidas. A maior parte das propostas foram sobre a melhoria de bairros, segurança, transporte coletivo e qualidade de vida.
A estudante Talita Vichnievski, 17, que também cursa o técnico em Administração de Empresas aprova o Cidadão do Futuro e diz que quanto mais cedo começar o envolvimento com a vida política, melhor. "Cresci num ambiente em que se dizia que os políticos eram todos ladrões. Quando procurei conhecer mais, vi que não é bem assim", explica.
Carreira
Entre os estudantes, há até quem queira ir mais além. Daniel Santos Ribeiro, 19, faz curso técnico pós-médio em Logística e é presidente do grêmio estudantil do colégio há quatro anos - já tendo sido reeleito uma vez. "Pretendo seguir carreira na política", conta o jovem, que presidiu a mesa durante a sessão simulada. Segundo ele, a vivência, assim como sua experiência no grêmio, servem para aprimorar o pensamento crítico e dar uma maior consciência política.
Contrariando a teoria de que os jovens de hoje são apáticos quanto à política, na escola esses estudantes também fazem valer seus direitos, conta o professor Marcos Leandro Cardoso, de 25 anos. "Eles já tem esse espírito engajado, talvez pelas condições do colégio, que é de ensino profissionalizante. O que houve aqui, todo o debate, as polêmicas, comprovam isso", diz.
Para a idealizadora do projeto, a vereadora Renata Bueno (PPS), é necessário incentivar a preocupação com a política entre os jovens. "Assim formamos uma geração mais consciente do seu papel como cidadão", afirma. O projeto já inspira até a adoção da iniciativa por outras cidades. Representantes do legislativo de Colombo, na Região Metropolitana da capital, estão estudando a possibilidade de implantar a ideia no município.
Interatividade
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