
No último debate das eleições de 2014, na TV Globo, os dois candidatos à Presidência da República expuseram suas táticas para a reta final das eleições. Seis pontos porcentuais atrás de Dilma Rousseff (PT) segundo a última pesquisa Datafolha, Aécio Neves (PSDB) partiu para o ataque já no primeiro bloco, questionando a presidente sobre denúncias veiculadas na revista Veja. Já Dilma preferiu evitar o confronto, e questionou o adversário sobre temas mais favoráveis ao atual governo como o Minha Casa Minha Vida e o Pronatec, de ensino técnico.
O debate ainda trouxe uma novidade: a participação de eleitores indecisos. Oito eleitores indecisos foram sorteados para apresentar suas questões aos candidatos. Foi um momento no qual os ataques, ainda que não acabassem completamente, deram mais espaço às propostas. Temas pouco abordados durante os outros debates, como as propostas para a Previdência e para o saneamento, foram trazidos pelos eleitores. A audiência do programa foi alta: 34 pontos no Ibope. No primeiro turno, o debate fez 20.
Perguntas dos candidatos
Já na primeira pergunta, Aécio questionou Dilma sobre uma denúncia da revista Veja de que ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saberiam de irregularidades que supostamente ocorreram na Petrobras. Aécio ainda acusou o PT de fazer "a mais sórdida campanha eleitoral da história".
Dilma disse que o veículo não possui provas e negou todas as acusações. "A revista Veja não apresenta nenhuma prova do que faz. Manifesto aqui minha inteira indignação. Essa revista tem o hábito de tentar um golpe eleitoral no final da campanha, já fez isso em campanhas anteriores", disse.
Aécio questionou, também, o empréstimo feito pelo BNDES para a construção do porto de Mariel, em Cuba. "Seu governo optou por financiar a construção de um porto em Cuba, enquanto nossos portos não recebem investimento", questionou, criticando, também, o fato de as cláusulas do contrato serem confidenciais.
A presidente ressaltou que o empréstimo foi feito à empresa que executa o projeto (a Odebrecht), e não para o governo cubano. "É necessário a gente parar e olhar com cautela essa questão do porto. Nós financiamos uma empresa brasileira que gerou emprego no Brasil, nos R$ 800 milhões contratados, geramos 156 mil empregos", disse.
O tucano levou, ainda, o tema do mensalão para o centro do debate. "Não há nenhum brasileiro que não tenha uma opinião clara sobre o mensalão. Para a candidata Dilma Rousseff, o senhor José Dirceu foi punido adequadamente?", questionou. A candidata disse que os responsáveis pelo mensalão do PT foram condenados, mas que o tucano Eduardo Azeredo renunciou para evitar o processo. No entendimento de Aécio, a questão não foi respondida.
Dilma evitou partir para o ataque e falou pouco da gestão de Aécio no governo de Minas Gerais, ao contrário dos debates anteriores. Ela preferiu buscar o comparativo do seu governo com a gestão tucana na Presidência, perguntando sobre temas como a taxa de desemprego e programas de governo, como o Pronatec e o Minha Casa Minha Vida. Ela criticou, também, a suposta falta de planejamento do governo paulista para evitar a falta de água, e ainda citou o humorista José Simão, dizendo que São Paulo está a caminho do "Meu Banho, Minha Vida".
Reforma política
Tema de pouco destaque nos outros programas, a reforma política acabou sendo trazida para o debate pelo candidato tucano. Ele questionou as propostas de Dilma, que defendeu o fim das coligações e do financiamento empresarial de campanha, o voto proporcional em dois turnos proposta defendida pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). O tucano, por sua vez, defendeu o voto distrital misto, o fim da reeleição e a manutenção do financiamento misto de campanhas, com limites mais restritos.
Metodologia
A pesquisa citada foi feita pelo Datafolha com 9.910 eleitores em 399 municípios do país, nos dias 22 e 23 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais. Registro no TSE: BR-01162/2014.



