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Com votação robusta, Nordeste vira ‘palco de guerra’ entre PT e PSDB

Discriminação na internet, troca de acusações entre Lula e FHC e representações na Justiça marcam a briga pelos votos da região

 | Ueslei Marcelino/ Reuters ; Ricardo Moraes/ Reuters
(Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters ; Ricardo Moraes/ Reuters)

A região Nordeste e seus pouco mais de 38 milhões de votos – 26,8% do total – são o foco principal de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) neste início de segundo turno da disputa presidencial. Apenas o Sudeste possui mais eleitores, com 62 milhões de pessoas aptas a votar, 43,4% do total do país.

O tucano, que hoje visita Pernambuco para sacramentar o apoio da família de Eduardo Campos, tenta amenizar a a larga vantagem da rival na região – no primeiro turno Dilma obteve 12 milhões de votos a mais do que Aécio na região. O PT, por sua vez, além de defender o seu principal colégio eleitoral, fala em aplicar de 50% para algo em torno de 70% a 75% sua penetração no Nordeste nesta rodada final das eleições.

Tamanha disputa desencadeou uma guerra de bastidores, especialmente nas redes sociais, com um lado acusando o outro de discriminação contra os nordestinos. A coligação Muda Brasil, de Aécio Neves, informou ontem que entrou com uma representação junto à Procuradoria da República no Distrito Federal para que sejam investigadas as "manifestações de cunho racistas e discriminatórios em relação aos cidadãos nordestinos do país, junto às redes sociais na internet".

Na quinta-feira, o presidente do PT-SP, Emídio de Souza, já havia dito que o partido apresentaria representação para que sejam investigados sites e perfis que tenham propagado o racismo contra os nordestinos. "Espero que o Ministério Público, tão cioso na investigação quando se trata de gente nossa, tenha a mesma [postura] e não permita esse crime inafiançável". O presidente petista disse ainda que a militância precisa defender os nordestinos e dizer: "Nordestino é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo".

Além disso, os ex-presiden­­tes Fernando Henrique Car­­doso e Luiz Inácio Lula da Silva travaram uma batalha à parte sobre a vitória do PT no Nordeste. Na quarta-feira, FHC disse que o PT cresceu nos grotões do país e tem o voto dos "menos informados".

No dia seguinte, no Face­­book, Lula replicou com um post no qual disse, sem mencionar FHC, que acha "um absurdo que o Nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes ou desinformados". Em sua tréplica, o tucano foi direto e, por meio de nota, disse que Lula "não se emenda, vive de pegadinhas".

Adversários usam a TV para trocar ataques

Talita Boros Voitch, especial para a Gazeta do Povo

O segundo turno será marcado pelos tucanos tentando ligar Dilma Rousseff ao esgotamento do modelo de governo do PT e pelos petistas afirmando que a vitória de Aécio Neves é um retrocesso. É o que dizem especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, que analisaram como devem ser os discursos da campanha no rádio e na TV – a propaganda eleitoral vai até o dia 24 de outubro, dois dias antes das eleições.

Na avaliação do cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Ins­­tituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), Dilma deve insistir nas comparações entre as administrações petista e tucana. "Eles devem apresentar índices econômicos e outros números afirmando que a eleição de Aécio é um retorno ao passado. O PT afirma que se trata de um embate entre esquerda e direita. O progressismo versus o conservadorismo, o povo versus a elite", diz.

Ao mesmo tempo, o esforço do PSDB deve ser em não atestar a pecha de governo ultrapassado. "Por isso, Aécio tem investido no discurso da mudança com segurança. Enquanto a Marina insistia no totalmente novo, o candidato do PSDB opta pelo caminho intermediário, negando essa ruptura total. Ele deve manter o discurso na preservação do legado positivo do governo petista, mas destacando que o modelo de governo do partido está esgotado", afirma Monteiro.

Para o cientista político da Uninter Doacir Quadros, o crescimento de Aécio obriga a candidata à reeleição a reconhecer os erros de sua administração. "No começo ela não aceitava os problemas. Depois começou a dizer que durante o seu governo houve avanços, entretanto também algumas dificuldades, principalmente de ordem econômica. Por isso, Dilma começou a afirmar que vai mudar sua forma de governar caso seja eleita", afirma.

As trocas de acusações também devem ficar mais intensas, com a entrada de temas polêmicos na pauta. "Os tucanos irão utilizar diversas estratégias para minar a campanha da Dilma. Tocar em pontos fracos do governo. Com certeza a Petrobras está entre eles", diz Quadros.

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