Congresso
Candidata do PSB terá de negociar com políticos se for eleita, admite aliado
Estadão Conteúdo
O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, admitiu ontem que o partido terá que fazer negociações no Congresso para conseguir governar, caso a candidata Marina Silva chegue à Presidência. "Considerando toda a nossa coligação, nós não faremos 80 deputados, então nós precisaremos negociar", disse. Para o dirigente, a afirmação não representa uma contradição com o discurso de renovação política da presidenciável, mas de confirmação com a proposta de conversar com bons quadros de todos os partidos. "Vamos negociar com apoio da sociedade, de forma republicana. Não vamos trocar cargos, não vamos distribuir recursos, não vamos dar verba", disse Amaral.
Um dia após Aécio Neves (PSDB) ter prometido substituir o fator previdenciário, a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) disse em discurso para sindicalistas que um governo seu não retrocederá "um milímetro" nos direitos dos trabalhadores e que, se eleita, vai rediscutir o fator previdenciário. "Não é retórica. Estamos dizendo, sem demagogia, que queremos revisitar [o fator previdenciário] para encontrar uma fórmula que não penalize o aposentado e o trabalhador", disse após criticar que o PSDB criou o mecanismo e que o PT o manteve.
Segundo a candidata, "a corda rompeu sempre do lado mais fraco" e, ao contrário do que dizem, afirmou, não pretende acabar com qualquer conquista da sociedade brasileira. "Direitos não são favores, são conquistas e conquistas não devem ser tratadas como favores", disse em crítica indireta ao governo da presidente Dilma Rousseff, que adota um discurso das melhorias promovidas pelo PT no governo federal.
O programa de governo da candidata foi criticado, inclusive por lideranças sindicais ligadas ao PSB, por ter tratado de forma genérica a terceirização e uma "atualização" das relações de trabalho. Desde então, a candidata e sua equipe vêm reforçando a mensagem de Marina ser de origem humilde, trabalhadora e que jamais prejudicaria a classe trabalhadora.
Nesse contexto, Marina reforçou também a mensagem de que está sendo vítima de calúnias. "Dizem que vou acabar com tudo e também vou acabar com o resto. É uma cortina de fumaça. A presidente tem necessidade de dizer isso porque é a única forma de disfarçar", afirmou.
Marina afirmou que, se o país continuar no "atraso da política", na divisão entre PT e PSDB, é que haverá o risco de se perder conquistas. "Lembra que o Collor dizia que o Lula ia confiscar a poupança? Quem foi que confiscou a poupança", relacionou a pessebista. E emendou críticas ao governo. "Ela [Dilma] está exterminando o presente." Em ocasiões anteriores, Marina disse que só seria capaz de acabar com tantas coisas, como colocado pelos adversários, se fosse a "exterminadora do futuro".
Marina repetiu seu bordão de manter conquistas e corrigir erros, rompendo com a polarização entre PT e PSDB, chamando os candidatos desses partidos de "essa minoria que não apresentou programa e que quer ganhar o governo com base em um cheque em branco".
A candidata do PSB disse que irá recuperar as instituições e afirmou que o atual governo não sabe separar instituições. "No nosso governo as instituições serão do Estado brasileiro e não estarão a serviço do governo ou do partido." Ela afirmou também que o aparelhamento já atinge uma instituição respeitada, como IBGE, em referência ao caso de correção da Pnad que causou constrangimento para o governo.
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