
O apoio de Marina Silva (PSB) está sendo tratado como decisivo pela campanha de Aécio Neves (PSDB). O objetivo dos tucanos é unir os discursos de mudança que os dois candidatos tentaram apresentar durante a primeira fase da disputa. No seu discurso após o resultado de ontem, Aécio disse que todas as contribuições são bem-vindas. Marina, em seu pronunciamento, apesar de não dar respostas diretas sobre eventual apoio à candidatura do PT ou do PSDB, sinalizou uma inclinação em apoiar o tucano.
Durante a maior parte da campanha, as pesquisas mostraram Marina à frente de Aécio e, com a virada nas pesquisas na reta final, o candidato do PSDB começou a sinalizar para um pedido de apoio. Ontem, durante a votação, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso foi mais direto e declarou que a equipe de Marina sabe que é necessária uma aliança maior e que os partidos deveriam se unir.
Em São Paulo, o presidente regional do PSB, Márcio França, foi eleito vice-governador ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB) e pode facilitar a aproximação entre os partidos. Além disso, o PPS, que apoiou a ex-ministra, é presidido por Roberto Freire, aliado tradicional do PSDB. O ex-tucano Walter Feldmann, conselheiro político de Marina, também pode ser um canal de aproximação.
O apoio direto da família de Eduardo Campos, substituído por Marina após sua morte, também deve ser disputado pelos dois candidatos do segundo turno. O ex-presidente Lula está escalado para fazer a ponte com os herdeiros do ex-governador de Pernambuco. Apesar das divergências políticas, Lula nunca rompeu com Campos e tem boa relação com sua família.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que a ordem é procurar todos partidos que ficarem sem candidato no 2.º turno.
Coerência
Em entrevista coletiva ontem à noite, Marina disse que o programa da legenda é "coerente com outro caminho, com outra maneira de caminhar", sinalizando um possível alinhamento com a outra candidatura de oposição, do PSDB.
Magoada com os ataques do PT no primeiro turno, a candidata do PSB deve resistir em se aliar a seu antigo partido. Neca Setúbal, coordenadora do programa de governo do PSB, atribuiu a queda de Marina nas pesquisas ao "bombardeio" que a candidata sofreu dos petistas. Na campanha, Marina chegou a dizer que o partido da atual presidente usou a mesma campanha de medo que o PSDB usou contra Lula antes de sua primeira vitória eleitoral.
Há ainda quem aposte que a candidata não deve apoiar nem um, nem outro. Um dirigente do PSB que preferiu não se identificar declarou à agência Reuters que Marina deve optar pela neutralidade novamente. "Uma coisa é certa. Com o PT ela não vai de jeito nenhum. O Beto (Albuquerque, candidato a vice-presidente do PSB) também já me disse que não apoiaria o PT", disse o aliado da candidata.





