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LEGISLATIVO

Votação apertada dificulta relações com o Congresso

Parlamentares preveem cenário mais complexo do que no primeiro mandato, quando Dilma formou maioria superior a 80% mas enfrentou conflitos constantes

Enfrentamento no Congresso | Ueslwy Marcelino/ Reuters
Enfrentamento no Congresso (Foto: Ueslwy Marcelino/ Reuters)

A vitória apertada de Dilma Rousseff (PT) vai colaborar para o aumento da tensão nas relações do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional. Parlamentares ouvidos pela Gazeta do Povo preveem um cenário ainda mais complexo do que no primeiro mandato, quando a petista conseguiu formar uma maioria superior a 80% na Câmara dos Deputados e no Senado, mas manteve conflitos constantes com o Legislativo. A primeira dificuldade passa pelo racha na bancada do principal aliado, o PMDB.

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Os peemedebistas construíram canais de diálogo diferentes com Dilma. No Senado, a situação foi amistosa, graças à aliança que garantiu a presidência da Casa a Renan Calheiros. Na Câmara, as rebeliões da ala do partido ligada ao carioca Eduardo Cunha, atual líder da bancada, contribuíram para emperrar votações de interesse do governo.

Cunha ajudou a costurar, por exemplo, o apoio dos tucanos à candidatura de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio de Janeiro. Também era cotado para assumir a presidência da Câmara no caso de uma vitória de Aécio Neves. "A gente sabia que o PMDB voltaria a dar as cartas, só não sabia com qual presidente da República", afirma o deputado paranaense João Arruda.

No primeiro mandato, as rebeliões caíram na conta do vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado da legenda. Temer vai continuar como articulador do governo com o Congresso, mas com outra postura. O objetivo dele será unificar os peemedebistas para garantir estabilidade ao partido em 2018, quando planeja lançar candidato próprio ao Planalto (o próprio Temer seria um dos nomes).

Legendas médias da coligação de Dilma, como PSD e PP, também esperam por uma nova forma de fazer política com o Congresso. "Como a presidente passou por uma reeleição apertada, é natural que pare para pensar. E também é natural que ela mude de postura e fundamentalmente escolha melhores interlocutores", opina o deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Líder dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT) na Câmara, o parlamentar diz que o aumento no número de partidos na Câmara – de 22 para 28 – vai fazer com que a negociação mude. "Não vai mais existir essa história de um mesmo partido ficar com quatro ou cinco ministérios."

A pulverização partidária causa temor entre petistas. Líder da bancada paranaense, o deputado Assis do Couto (PT) avalia que houve uma mudança de perfil entre os novos deputados. "Teremos uma Câmara muito mais conservadora. E o conservadorismo é irmão gêmeo do fisiologismo", afirma o petista.

Líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, diz que o legado do primeiro mandato será o entrave de Dilma, mais do que a relação com os parlamentares. "O que ela fez até agora foi desorganizar todo o modelo econômico do país. Sabemos que a conta disso tudo vem no ano que vem, mas o Congresso não tem como ajudar a organizar isso de uma hora para outra", cita Bueno.

Vice-líder do governo Dilma, o deputado Alex Canziani (PTB) complementa que a situação política do Legislativo, independentemente da presidente, também será turbulenta. "A operação Lava Jato [que investiga corrupção na Petrobras] só vai gerar os desdobramentos no ano que vem. Se houver mesmo a tal lista com 28 deputados e senadores envolvidos, vamos passar o ano votando cassações", diz o petebista.

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