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Campanhas mais caras são mais efetivas ou candidatos vitoriosos atraem mais dinheiro?

Nas eleições de 2012, os 38 vereadores eleitos de Curitiba arrecadaram 30% do total obtido pelos 750 candidatos; no entanto, outros fatores, como reeleição, importam nas chances

Plenário da Câmara de Vereadores de Curitiba | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Plenário da Câmara de Vereadores de Curitiba (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)

O financiamento das campanhas políticas é um fator preponderante para o resultado das eleições. Existe uma correlação forte entre a quantidade de dinheiro investido e as chances de vitória dos candidatos. Na Câmara Municipal de Curitiba, por exemplo, esta relação entre disponibilidade de caixa e sucesso eleitoral fica evidente, ainda que com intensidade variável.

Nas eleições municipais de 2012, 5% dos candidatos a vereador na capital foram eleitos. Este pequeno grupo vitorioso recebeu 30% do total de recursos arrecadados pelos 750 candidatos do pleito.

Outro dado que revela a importância do financiamento no sucesso da campanha é que 59% dos candidatos que investiram mais de R$ 150 mil foram eleitos. Já no grupo de candidatos que declarou ter arrecadado entre R$ 50 mil e R$ 150 mil, a taxa de sucesso foi de 35%.

Entretanto, esta relação, apesar de preponderante não é a única variável que compõe o sucesso de uma campanha.

Entre os parlamentares eleitos para uma vaga no Legislativo da capital paranaense, há grandes diferenças entre os valores usados para financiar a campanha. O vereador Bruno Pessuti (PSD), por exemplo, arrecadou, em 2012, R$ 106,24 para cada voto conquistado. Já o custo unitário de voto do vereador Professor Galdino (PSDB) foi de R$ 0,96.

Variações

Estas diferenças não são exclusividade do parlamento curitibano. Em um estudo sobre financiamento de campanhas, o cientista político da USP Bruno Speck concluiu que a importância do valor gasto para o sucesso da campanha depende de outros fatores.

“Os recursos podem importar pouco até chegar a um ponto crítico que permite desenvolver uma campanha para ganhar a eleição. Também é razoável esperar que, a partir de certo ponto, mais recursos não signifiquem mais votos”, afirma o pesquisador no estudo “Financiamento político e a corrupção no Brasil”. Uma dessas variáveis apontadas pelo autor é que a quantidade de recursos importa menos para os candidatos à reeleição.

Efeito Tostines

Além das variáveis de intensidade da importância do financiamento, outro ponto importante é a relação de causalidade na arrecadação de recursos para campanhas eleitorais. A pergunta é: o candidato se elege porque recebe mais dinheiro ou recebe mais dinheiro porque tem mais chances de se eleger? Para os especialistas estes dois fatores se complementam.

“Talvez menos evidente seja a possibilidade de candidatos com mais chance de se eleger atraírem mais recursos. No caso, teríamos uma espécie de efeito inverso, em que o sucesso eleitoral esperado produz mais financiamento”, afirma Speck em sua pesquisa.

Para o pesquisador, políticos com mais experiência na competição provavelmente têm mais chance nos dois campos: a disputa por votos e a por dinheiro. “Atualmente, os estudos disponíveis esclarecem que há uma relação forte entre voto e dinheiro. No entanto, a questão da causalidade ainda está para ser esclarecida”.

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