Depois de passar por um longo processo para ser reconduzido ao cargo de Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot fez um discurso emocionado, agradecendo o apoio de procuradores e de sua família para permanecer na chefia do Ministério Público por mais dois anos. “A força e apoio incondicional de todos vocês me estimulam a perseverar nos deveres que a Constituição e as leis nos impõem”, disse.
Em recondução de Janot, Dilma pede que PGR defenda ‘estabilidade’
Em meio a críticas de parlamentares investigados na Operação Lava Jato, conduzida por Janot, o procurador-geral afirmou que a sociedade “está suficiente amadurecida para compreender que as instituições devem funcionar”. A recondução do procurador-geral ao cargo se deu em meio a um clima de tensão e crítica sobre a investigação de autoridades no esquema de corrupção da Petrobras.
Pivô da Publicano já tem data para deixar a cadeia
Leia a matéria completaJanot voltou a dizer que fortaleceu o diálogo com as instituições em sua gestão e que pretende dar continuidade a isso nos próximos dois anos. “O diálogo constante com outras instituições do Estado brasileiro foi e continuará a ser uma das marcas da minha gestão como chefe do Ministério Público da União [MPU] e presidente do Conselho Nacional do Ministério Público [CNMP]”.
O procurador voltou a falar ainda da importância de o Ministério Público se manter forte e autônomo. “É fundamental para defesa dos direitos dos cidadãos.”
Participaram da cerimônia de recondução a presidente Dilma Rousseff, ministros de Estado e integrantes dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal (STF), além dos procuradores que compõem o Grupo de Trabalho responsável por conduzir as investigações da Operação Lava Jato.
Em recondução de Janot, Dilma pede que PGR defenda ‘estabilidade’
Isolada politicamente e acuada diante dos que se movimentam para abrir um processo de impeachment e afastá-la do cargo, a presidente Dilma Rousseff cobrou nesta quinta-feira (17) que a Procuradoria-Geral da República atue como “defensora da estabilidade das instituições democráticas” e que políticos “pleiteiem o poder por meio do voto e aceitem o veredito das urnas”.
“Nesses tempos em que, por vezes, a luta política provoca calor quando deveria emitir luz, torna-se ainda mais relevante o papel da Procuradoria-Geral da República como defensora do primado da lei, da justiça e da estabilidade das instituições democráticas”, disse a presidente durante cerimônia para a recondução de Rodrigo Janot ao cargo de procurador-geral da República.
“Todos nós queremos um país em que a lei é o limite”, completou a presidente. Para Dilma, a democracia se fortalece “sempre e mais quando toda e qualquer autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite, quando se comporta com isenção, sobriedade, pudor e respeito pelas instituições em que atua.”
Em discurso de pouco mais de dez minutos, Dilma citou ainda o ex-presidente do Uruguai José Mujica para dizer que a democracia precisa ser defendida, e não “sepultada”. “Essa democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos, mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”, disse a presidente.
Considerado de perfil discreto, Janot assumiu o cargo há dois anos, na reta final do julgamento do mensalão, e é um dos responsáveis pela condução da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrução na Petrobras e tem como alvo diversos quadros do PT.
Apesar de ter incomodado dirigentes petistas e até mesmo auxiliares de Dilma com o pedido de abertura de inquéritos contra os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social), a presidente ressaltou que não partidarizou a escolha do procurador-geral e que “nunca” utilizou do poder governamental “para bloquear ou obstaculizar investigações”. Janot pediu que o STF investigue Mercadante por suposto crime eleitoral e Edinho por possível ligação com a Lava Jato.
“Acolhi a indicação da lista encaminhada pela Associação Nacional dos Procuradores da República. Fazendo isso, evitei partidarizar a escolha, respeitei a autonomia do Ministério Público. Adotei esse procedimento por entender que essa é a atitude correta a ser seguida pela presidente da República, porque é uma atitude impessoal, republicana e democrática”, afirmou Dilma.
Segundo a presidente, o compromisso de seu governo é “não compactuar, sob qualquer circunstância, com ilícitos e mal-feitos”.
“Também pela primeira vez assistimos à recuperação pelo Estado de vultosos recursos desviados por agentes públicos ou privados responsáveis por atos de corrupção. Assim tem sido e assim será. Pois o compromisso do meu governo com o Brasil é não compactuar, sob qualquer circunstância, com ilícitos e mal-feitos”, declarou.
Investigação da PF sobre Pix pode virar “caça às bruxas” na oposição se houver adesão do STF
Moraes impede viagem de Bolsonaro aos EUA para participar da posse de Trump
Crise do Pix: governo Lula sofre derrota de goleada e oposição comemora
Mudança no monitoramento de conteúdo do Facebook põe em xeque parceria com o TSE
Deixe sua opinião