Pré-candidata do PV à Presidência da República, a senadora Marina Silva (AC) comparou-se nesta quinta-feira (29) ao líder negro sul africano Nelson Mandela, atribuiu os avanços ambientais do governo federal à sua gestão como ministra do Meio Ambiente e considerou que os eleitores já começam a sinalizar que não aceitarão em 2010 uma eleição plebiscitária.
Em sua participação no Fórum Social Mundial Grande Porto Alegre, a parlamentar afirmou que o mundo vive uma crise social e ambiental e disse que, atualmente, não há fuga possível se não for resolvido o problema climático. Marina, que foi muito aplaudida ao fim de sua exposição, repudiou os críticos que, em geral, estigmatizam os ambientalistas como sonhadores e utópicos.
"Não sou desse tipo que se intimida facilmente", declarou, no painel "Novos parâmetros para o desenvolvimento", promovido pela Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis. "Imaginem se chegassem para o Mandela e dissessem: - 'Pare com isso. Você é um sonhador. Que história é essa de querer acabar com o apartheid?' - e ele desistisse?" Líder do Congresso Nacional Africano, Mandela passou três décadas preso, por defender o fim do regime que separava a elite branca da massa de negros pobres que formavam a maioria da população da África do Sul. Libertado, foi eleito presidente do país, acabando com o regime segregacionista racista, nos anos 90.
Sustentabilidade
Em entrevista, Marina criticou a "falta de visão do governo em relação à importância da questão ambiental nas políticas de desenvolvimento do país". Para ela, o atual governo (embora não apenas ele) não foi capaz de "integrar os critérios de sustentabilidade em todos os setores do governo". Com a ressalva do que considerou "avanços em vários aspectos", na questão do desmatamento e na criação de um plano de recursos hídricos. "Claro que falar assim parece que estou legislando em causa própria, porque isso foi feito durante a minha gestão. Mas a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", ressaltou, em tom irônico.
A senadora afirmou que, apesar de não haver aliança formal do PV com o PSOL, não tem dúvidas de que os dois partidos encontrarão formas de estar juntos. "O importante é que possamos estar alinhados no princípio de que o Brasil não tem como continuar esse debate entre os dois passados", afirmou. "Ainda que os passados sejam relevantes e importantes, naquilo que acumularam de bom e naquilo que ainda precisam ser aperfeiçoados. Mas utilizar a democracia, um país que tem a potencialidade que tem o Brasil, para fazer um plebiscito, isso não é justo e não dignifica o histórico, a trajetória e a biografia das pessoas que passaram recentemente por este País, com contribuições obviamente relevantes, como é o caso do presidente Lula.
Sem-terra
Ao comentar a prisão de sem-terra na Operação Laranja pela Polícia Civil paulista, demonstrou cautela. "Acho que qualquer forma autoritária de tratar os movimentos não é a melhor forma. Obviamente que os movimentos têm que respeitar o Estado de Direito", disse.
STF poderá forçar governo a tomar medidas mais efetivas contra danos das bets
Com argumentos de planos de saúde, associações de autistas fazem lobby negacionista com governo Lula
Novo “AeroLula”? Caso do avião presidencial no México reacende debate
“Precipitada” e “inconsistente”: como economistas reagiram à melhora da nota do Brasil
Deixe sua opinião