Ex-ministro do Trabalho do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), admitiu nesta segunda-feira (7), em Salvador, que o Poder Executivo não tem capacidade para controlar possíveis atos de corrupção em governos. "A gente vive em um momento no qual as pessoas acham que tudo é patrimônio, então, toda vez que tem dinheiro há a possibilidade de ter corrupção", afirma.
"O Brasil, assim como a Bahia, é muito grande. É difícil para que um gestor consiga saber se cada convênio de R$ 500 mil, de R$ 1 milhão, se cada estrada, se cada hospital vai ser bem feito ou não. É difícil para um secretário ou um ministro saber se, lá na ponta, uma quadra de esportes está sendo feita correta ou incorretamente", acrescentou.
De acordo com Wagner, a melhor saída para se evitar o desvio de recursos públicos é a população e a imprensa controlarem o destino das verbas. "O que os governos precisam garantir é transparência dos dados dos convênios e incentivar o controle social, para que a sociedade possa conhecer tudo que está acontecendo e a própria sociedade fazer o controle e reclamar", afirma.
"Por exemplo, se localmente alguém sabe que tem um convênio de R$ 1 milhão para construir uma escola, se isso é tornado público, e a construção não acontece ou se a construção não justifica o preço vinculado, não tem ninguém melhor para reclamar do que o próprio interessado".
Ao falar sobre as frequentes denúncias envolvendo ministros do governo federal, porém, o governador criticou o que chama de "linchamento público" dos gestores. "As investigações da imprensa ajudam a desvendar problemas de corrupção, mas a gente vive num sistema democrático, então a todos é dado o direito à defesa", avalia.
"Se há uma denúncia, ela tem de ser investigada. Se a investigação ocorre e comprova, acho que tem de haver o afastamento, a prisão. O que sou contra é promover o linchamento sem a investigação", falou o governador baiano.
Sobre as denúncias que agora envolvem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), Wagner diz que a possibilidade de afastamento do titular da pasta causa "um clima de intranquilidade que não é bom para o governo", mas diz confiar na capacidade de análise da presidente Dilma Rousseff. "Ela pode tomar a decisão de que o afastamento é bom para a investigação ou para a tranquilidade do governo, portanto o afastamento não quer dizer uma condenação", afirma. "Neste momento, é uma decisão política e administrativa" acrescentou.
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