
Perto das eleições municipais 2016, prefeitura de Curitiba e governo do estado deixaram de lado o protocolo. Às turras com o transporte coletivo, os lados agora trocam acusações sobre obras paralisadas há anos e atrasos em repasses. Por trás de cada um dos imbróglios (veja os detalhes de cada um no gráfico), cidadãos sofrem com mudanças repentinas em serviços, ruas sem asfalto e falta de unidades de saúde.
Soropositivo, Cristiane*, 21, é vizinha do prédio que deveria abrigar a Unidade Básica de Saúde Jardim Aliança. Era para estar pronta em 2013. Naquele ano, porém, além de não ter sido entregue, a obra do bairro Santa Cândida foi abandonada.
“A Unidade do bairro fica distante e está superlotada. Estou me tratando só no Hospital das Clinicas”, afirma a jovem, mãe de um bebê de 57 dias, que segundo a mãe ainda não passou por qualquer pediatra depois de sair da maternidade.
A população local reclama que a UBS Santa Cândida, além de distante dali, ficou superlotada após a entrega dos residenciais Aroeira e Imbuia. Os conjuntos do programa Minha Casa Minha Vida abrigam mais de mil famílias.
Outra obra paralisada e alvo de desavenças entre prefeitura e governo é a da UBS Campo Alegre. A unidade ‘cairia como uma luva’ para o ‘seu’ Aristes da Silva, 77. Ele mora na frente do prédio, mas tem de caminhar 1 Km todo mês para buscar o Enalapril, um medicamento que faz uso por ter insuficiência cardíaca. “Isso está abandonado desde 2013”, lamenta. Abandonado, o local serve como abrigo para moradores de rua e virou ponto de consumo de droga.
O jogo de empurra também atingiu os moradores do Uberaba. Prometida para março de 2014, a pavimentação de um trecho de apenas 750 metros na marginal da BR-277 está paralisada desde outubro de 2013. “Quando chove, alaga até o tornozelo. Se está seco, é tanta poeira que ninguém aguenta caminhar na rua”, diz Rosemara Salustiano, 44, que trabalha na região.
Transporte
Mês sim mês não, uma surpresa nova aparece quem utiliza o transporte coletivo metropolitano. A desintegração financeira da rede integrada veio acompanhada de mudanças em itinerários, remoção de estações-tubo e extinção de linhas consideradas deficitárias. Recente reportagem da Gazeta do Povo mostrou que os passageiros estão esperando mais pelo ônibus. Nesta semana, um novo problema: a Metrocard, associação de empresas para quem o estado delegou a gestão da bilhetagem, convocou usuários em caráter emergencial para trocar seus cartões e provocou filas de mais de duas horas em sua sede, no centro de Curitiba.
*Nome fictício








