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escândalo da petrobras

Lavagem de dinheiro se sofisticou na nova fase da Lava Jato

Pela primeira vez, investigadores descobrem que esquema usou intrincado esquema de remessas do exterior

Delegado Ígor Romário de Paula: envio de propina para o exterior dificulta o rastreamento. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Delegado Ígor Romário de Paula: envio de propina para o exterior dificulta o rastreamento. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

O esquema de lavagem de dinheiro desviado de contratos da Petrobras ficou mais “sofisticado” do que o apurado até agora. Um dos motivos seria a figura do “lavador”. Antes, os acusado se valiam de empresas de fachada brasileiras para lavar dinheiro – principalmente por meio do doleiro Alberto Youssef. Já na 14.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na sexta-feira (19) e que prendeu excutivos das empreiteira Odebrecht e Andrade Dutierrez, os operadores montaram um intrincado esquema de remessas ao exterior por meio de offshores.

Para os investigadores, a mudança de um patamar para o outro se explica como uma exigência “mercadológica”. Enquanto algumas empresas ficariam satisfeitas com o modelo mais “simples” de esquentar propina, outras demandariam mais segurança para seus negócios – e por isso pagariam mais caro, como clientes “premium”.

“Todo operador ganha uma porcentagem. Quando trabalhávamos no [caso] Banestado, era 0,5%, 1%, 2%. Hoje estamos trabalhando com margens que chegam a até 20%”, diz o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

Ele diz que os pagamentos subiram porque “as leis de lavagem se tornaram mais rígidas e ficou mais fácil pegar o lavador”. Portanto, as pessoas que se interessam por esse tipo de serviço “conseguem um trabalho mais bem feito do que simplesmente pegar uma empresa fantasma”.

Para o delegado Igor Romário de Paula, um dos responsáveis pela Lava Jato, as empresas escolhem a maneira como querem esquentar o dinheiro desviado de contratos com estatais. “Talvez a empresa informe [ao operador]: ‘Olha, a gente quer que esse recurso vá para o exterior”, diz.

O delegado afirma que a propina enviada para outros países é mais difícil de ser encontrada do que a permanece no Brasil, mas ainda assim “deixa rastros”. “O problema é identificar o rastro, se não tiver um indicativo de onde está a conta [usada para a lavagem]”.

Nesta 14.ª fase, os investigadores utilizaram principalmente depoimentos de delação premiada, que depois foram corroborados com documentos colhidos na Suíça, em Mônaco e no Panamá.

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