A ex-senadora Marina Silva (Rede) afirmou nesta terça-feira, 8, em Paris, que a carta enviada pelo vice-presidente Michel Temer à presidente Dilma Rousseff “oficializa” a ruptura entre os dois líderes e os dois partidos, PT e PMDB. Segundo ela, a ruptura “na prática já ocorreu” antes de a carta ser enviada. Para a ex-candidata presidencial, que foi uma das palestrantes na 21ª Conferência do Clima (COP-21), o vice-presidente também é responsável pelas pedaladas fiscais.
Questionada pelo jornal O Estado de S.Paulo se o documento aprofundava as “divergências” entre Dilma e Temer, a ex-senadora afirmou: “Divergência é um termo que você usa com muita brandura. Eu considero isso uma ruptura. Só que não é uma ruptura que se oficializa, porque na prática ela vem de muito tempo, pelo visto. Está narrada na carta do próprio vice-presidente. Ele apenas oficializou aquilo que nós ainda não tínhamos como uma informação oficial”, afirmou Marina Silva.
Para a ex-senadora, Temer também tem responsabilidade nas “pedaladas fiscais”, razão alegada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para abrir o processo de impeachment contra a presidente, e envolvimento com a crise econômica e política. “O partido dele também está envolvido na Lava Jato”, lembrou.
‘Ansiedade tóxica’
De acordo com Marina Silva, o Brasil está vivendo um momento de “ansiedade tóxica”. “Nós temos de parar com essa ansiedade tóxica de querer repetir a história. Tem muita gente querendo repetir a história”, disse ela, referindo-se ao impeachment. A ex-senadora reforçou que prefere o processo de análise do pedido de cassação do mandato da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014, em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao processo de impedimento aberto na Câmara.
“Há um processo no TSE que levanta a hipótese de que o dinheiro do Petrolão tenha sido usado para irrigar a campanha da presidente e do vice-presidente. Ambos são faces da mesma moeda”, disparou.
Segundo Marina Silva, embora o impeachment “não seja golpe”, ele abriria a porta para uma saída casuística, com a chegada ao poder de Michel Temer. Segundo ela, isto não permite dizer que os problemas estariam resolvidos.
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