Em um país com grandes casos que muitas vezes desmoronam em tecnicidades, o homem que lidera os inquéritos da Operação Lava Jato é descrito como a pessoa certa para a tarefa. Meticuloso e formal, o juiz federal Sérgio Moro atuou com sucesso em casos de lavagem de dinheiro por 11 anos e escreveu um livro sobre o assunto após estudar nos Estados Unidos.
Moro, de 42 anos, agora avança com um caso que já resultou em dezenas de prisões de executivos e que se tornou a maior crise enfrentada até agora pela presidente Dilma Rousseff.
A investigação vai se aprofundar ainda mais, segundo promotores, e pode envolver bancos nacionais, outras companhias e políticos. Enquanto isso, dezenas de advogados esperam que Moro cometa um deslize. Mas o juiz, um leitor voraz que fez cursos na escola de direito de Harvard e ensina legislação criminal, não deu muitos sinais de que pode escorregar.
"Ele torna difícil o trabalho dos advogados", admitiu Antonio Figueiredo Basto, que representa o doleiro Alberto Youssef no caso.
Questionado sobre a investigação da Operação Lava Jato, Moro mostrou ser discreto, respondendo por e-mail que "infelizmente" não poderia comentar sobre o caso. "Espero que você entenda", acrescentou.
De 2003 a 2007, ele supervisionou a investigação que ainda é o maior caso de lavagem de dinheiro do Brasil, o Caso Banestado, envolvendo US$ 28 bilhões e 97 condenações. Um dos réus foi o doleiro Youssef.
No caso da Petrobras, Moro recebeu elogios por duas importantes decisões. A primeira, rara no Brasil, foi permitir a delação premiada. A segunda foi perseguir executivos de companhias privadas e atravessadores primeiro, acumulando provas antes de ir atrás dos políticos. O risco é que, quando os políticos forem citados, Moro perca o comando do caso, pois o foro privilegiado levaria os processos para o Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, ele recomendou que Youssef e outras testemunhas não citem nomes de políticos, por enquanto.
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