Dois fatores podem ser destacados para se tentar compreender a origem da corrupção no Brasil: uma forte cultura nacional de rejeição ao que é público e a aplicação discricionária da lei, explica o cientista social Robson Souza, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC-MG.
“É como se o Estado não devesse ser levado a sério. Há um desprezo arraigado pela coisa pública porque parece que ela não está a serviço da população. Se a coisa pública está servindo a interesses particulares, então o cidadão comum pensa que têm que dar um jeito de ‘garantir o seu’.
‘Jeitinho brasileiro’ contradiz indignação popular contra a corrupção no setor público
Leia a matéria completaEm paralelo, a justiça seletiva estimula a sensação de impunidade. O raciocínio é ‘Se ninguém é punido por desvios milionários, eu é que não vou ser por não pagar esse imposto alto’.”
Para o economista Ricardo Caldas, do Instituto de Ciência Política e docente da UNB, a origem do desdém do brasileiro pelo Estado e pelas leis é histórica e remonta à colonização portuguesa.
“A colonização não foi feita para a sociedade, foi feita para atender ao interesse da Coroa e de um grupo restrito associado à Coroa. É histórico. O brasileiro não se identifica com o Estado e, assim, a lei não é para ele, é para os outros. Não existe uma consciência nacional de benefício público, de interesse público”, avalia.
Lula ataca rede social X e defende reforma do Conselho de Segurança em discurso na ONU
Com expulsão de Marçal, debate em São Paulo expõe guerra eleitoral; assista ao Entrelinhas
Cinco pontos favoráveis a Musk no duelo com Moraes
PMs, federais, guardas e até um juiz investigaram dados de Moraes e de delegados da PF
Deixe sua opinião