Michel Temer está em vias de se afastar da posição de articulador político do Planalto. São vários os motivos: a) falta de autonomia para estabelecer negociações; b) rusgas com o ministro Joaquim Levy; c) desconfianças por parte do PT.
Surgem as perguntas: a) o PMDB abandonará, totalmente, o governo? b) o governo encontrará alguém para costurar a estabilidade política?
Embora parte do PMDB tenha debandado com Eduardo Cunha, outra, aparentemente, está sob a batuta de Temer. Não porque ele tenha o mesmo tipo de mando que Cunha, mas porque sua capacidade de negociação e moderação une opositores, ainda que circunstancialmente.
Temer é fruto da crise política e econômica e o tamanho do seu poder deve ser medido em razão do tamanho da crise.
A crise econômica se arrastará para 2016, restando ao governo amainar os ânimos na política para terminar o mandato e manter alguma influência do PT no cenário nacional. Temer teria esta tarefa.
Quanto custa a salvação do governo?
O custo, além da troca de cadeiras nos ministérios e nos escalões inferiores, é significativo, porque o governo estará diante de um dilema: ou salva o (seu poder no) presente para sacrificar o futuro, ou, arrisca tudo para ter os dois, sob o risco de não ter nenhum deles.
Se Temer não for demovido da ideia, será necessário criar uma nova base de apoio, em meio à desconfiança generalizada, criada pelo próprio governo.
Quem seria a pessoa capaz de restabelecer a confiança perdida, que não fosse do desgastado PT e que estivesse a ele submisso?
Antevendo a catástrofe, alguns interlocutores do PT se apressaram para convencer Temer a permanecer no posto de “Hermes”.
Caso Temer suplante a mágoa, o governo será forçado a tomar uma posição clara: terá que sacrificar o projeto de poder do seu partido para manter-se, minimamente, até 2018. Estará assim, à mercê de Temer e de seus aliados.
É difícil imaginar que, pela primeira vez, o PMDB passe a ser oposição.
Se Temer ficar poderá exigir mais do governo. Se afastar-se, o fará sem romper com o Executivo. Pregará moderação, sem empreender esforços neste sentido. Permanecerá o status quo à espera da bonança. Nesta situação será o governo quem deverá tomar as iniciativas para fazer com que seu maior articulador se mova.
Em qualquer hipótese, o mensageiro mostra-se mais forte que Zeus, seja por ação, seja por omissão.
Moraes impede viagem de Bolsonaro aos EUA para participar da posse de Trump
Mudança no monitoramento de conteúdo do Facebook põe em xeque parceria com o TSE
Após derrota do governo com o Pix, grupo vai acionar Nikolas Ferreira na Justiça; assista
Como o caso do monitoramento do Pix virou uma enorme derrota para o governo Lula
Deixe sua opinião