O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa deve ser solto até segunda-feira (29) e usará tornozeleira eletrônica em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, segundo a reportagem apurou. Antes de ser preso na Operação Lava Jato, em março, o ex-diretor morava no Rio de Janeiro com sua família. Ele está preso na superintendência do Paraná e colabora com a Justiça através de delação premiada.
Agentes da Polícia Federal farão a segurança da residência do ex-diretor. A soltura deve ocorrer ao longo do final de semana para evitar que ele seja transportado em avião de carreira. A operação eleitoral da PF já começou e as aeronaves do órgão ficam comprometidos com a movimentação de policiais entre os Estados.
A liberação de Paulo Roberto ocorre após o ex-diretor fechar um acordo de delação premiada com a Justiça Federal do Paraná. O ex-diretor da Petrobras decidiu contar o que sabe para deixar a prisão - ele foi preso pela segunda vez em junho, após as autoridades suíças enviarem ao Brasil informações que ele e seus familiares têm US$ 23 milhões naquele país. Costa fez o acordo no último dia 29 após saber que a PF poderia prender suas filhas.
Há uma controvérsia acerca de a quem caberá a determinação para a soltura do ex-diretor da Petrobras: se ela partirá do juiz Sérgio Moro, da 13ª. Vara Federal em Curitiba, ou se será do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A assessoria de comunicação do Supremo informou que, de acordo com funcionários do gabinete de Teori Zavascki no STF, o ministro não tomou nenhuma decisão sobre uma eventual libertação de Paulo Roberto Costa.
Investigado pela Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras é suspeito de envolvimento com um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado em torno de R$ 10 bilhões. Atualmente ele está preso em Curitiba. Nos depoimentos, ele teria citado o nome de autoridades que supostamente participaram do esquema.
Ex-diretor da Petrobras diz que políticos recebiam dinheiro de contratos da estatal
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e citou que 32 deputados e senadores, um governador e cinco partidos políticos recebiam dinheiro de contratos fechados por ele na Diretoria de Abastecimento da estatal. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta sexta-feira (5), mas os nomes dos envolvidos no caso não foram citados. Segundo a reportagem, 3% de cada contrato da diretoria eram repassados a políticos.
O jornal Folha de São Paulo cita que a delação de Costa envolveria 12 senadores, 49 deputados federais e um governador na parte de sua delação premiada que trata de políticos, segundo a reportagem apurou. Os envolvidos seriam de três partidos, ainda de acordo com a apuração da reportagem: PT, PMDB e PP. Um dos citados é o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros. O doleiro Alberto Youssef teria se reunido com Renan, em Brasília, no início de março, para acertar a comissão do PMDB em um negócio envolvendo a empresa UTC Engenharia.
CPI Mista já tem sigilo bancário de Youssef e de Paulo Roberto Costa
Enquanto aguarda o conteúdo da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, a CPI Mista da Petrobras que apura denúncias de corrupção na estatal está recebendo outros documentos relevantes para a investigação. É o caso da transferência de sigilos bancários de alguns dos investigados. Nestas duas últimas semanas, chegaram à comissão de inquérito dados dos bancos Bradesco, Itaú, HSBC, Caixa Econômica Federal e Banco Safra. Entre os arquivos, estão movimentações do doleiro Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, dois dos principais acusados de operarem um esquema de desvio de dinheiro que teria movimentado ilegalmente R$ 10 bilhões, segundo a Polícia Federal. Ambos estão presos no Paraná.
Os bancos enviaram também sigilos das duas filhas de Paulo Roberto, Ariana e Shanni, e dos dois genros dele, Humberto Sampaio de Mesquita e Márcio Lewkowicz. Os quatro também são investigados por participação no esquema. Além disso, no dia em que foi deflagrada a operação Lava Jato, responsável por desmantelar a quadrilha, a Polícia Federal informou que eles retiraram documentos e dinheiro do escritório da Costa Global Consultoria, empresa de Paulo Roberto, na tentativa de ocultarem provas.
Com isso, os parlamentares têm em mãos detalhes sobre créditos e débitos de movimentações, sejam elas em contas correntes, poupanças, investimentos em fundos, títulos e valores mobiliários, de renda fixa ou variável, além de operações de câmbio. As informações são sigilosas e estão disponíveis somente para os parlamentares integrantes da comissão e assessores autorizados por eles.



