A Polícia Federal apreendeu nesta segunda-feira (30) os documentos originais da delação premiada do ex-diretor de área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A papelada estava com o próprio Cerveró na carceragem da PF, em Curitiba. Na semana passada, as investigações mostraram que o ex-presidente do Banco BTG Pactual André Esteves e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) tiveram acesso a cópias da colaboração do ex-diretor da Petrobras antes mesmo do Supremo Tribunal Federal homologar o acordo.
O relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavaski, afirmou que o fato dos dois terem tido acesso aos documentos revelou a existência de um “canal de vazamento na Operação Lava Jato que municia pessoas em posição de poder com informações” das investigações. Os termos foram apreendidos, lacrados e encaminhados à Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília.
Os documentos foram entregues pelo próprio Cerveró aos investigadores. O fato ocorreu durante a visita da advogada do ex-diretor da estatal, Alessi Brandão, que esteve na manhã desta segunda-feira na carceragem da PF. Os agentes proibiram a defensora de se encontrar com Cerveró e determinaram que os dois se comunicassem através do parlatório — sala reservada onde advogado e preso ficam separados por uma janela de vidro.
Assim que a advogado chegou, Cerveró mostrou os documentos. O GLOBO apurou que, no momento em que viu o documento, Alessi pediu para chamar um dos investigadores. Um grupo de pelo menos três agentes, entre eles um delegado, chegaram e viram os documentos. No mesmo instante, o delegado mandou apreender o documento e lacrar na frente de Cerveró e de sua advogada. Os dois foram ouvidos sobre o caso.
Os documentos apreendidos nesta segunda-feira serão periciados e, se constado que são iguais aos termos apreendidos na semana passada, serão anexados às investigações que correm em Brasília. No inquérito, Delcídio e Esteves são acusados de atrapalhar o andamento das investigações da Lava Jato ao negociarem a compra do silêncio de Cerveró.
No acordo de colaboração premiada assinado por Cerveró no dia 18, o ex-diretor da Petrobras relata, segundo Zavaski, a prática de crimes de corrupção passiva por Delcídio na compra de sondas pela Petrobras e na aquisição da refinaria de Pasadena. O ex-diretor também acusa André Esteves de participação no pagamento de propina ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para que uma rede de 120 postos de combustíveis de São Paulo assumisse a bandeira da BR Distribuidora.
Na semana passada, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o vazamento de dados da delação premiada do ex-diretor da Petrobras. O vazamento foi citado na conversa gravada pelo filho de Cerveró, em que o senador, o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro comentam que trechos da delação premiada do ex-diretor da Petrobras foram parar nas mãos do banqueiro André Esteves, dono do banco BTG Pactual.
Eles discutem quem poderia ter vazado o documento, que teria que ficar em sigilo. Um dos citados é o doleiro Alberto Youssef, a própria advogada de Cerveró, Alessi Brandão, um agente da PF e um outro advogado da Lava Jato que ainda não teve seu nome revelado.
O GLOBO procurou a advogada, que não quis se manifestar. Ela informou que as investigações correm sob sigilo. Na semana passada, a defesa de Youssef negou ter tido acesso aos documentos. A PF também não quis se manifestar
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