O plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró -traçado pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e que seria financiado pelo banqueiro André Esteves, segundo o Ministério Público- seria “inexequível” e era fantasioso, afirma a defesa do advogado Edson Ribeiro, Marcos Crissiuma.
Segundo Crissiuma, a argumentação foi usada no pedido feito ao STF (Supremo Tribunal Federal) de revogação da prisão preventiva de Edson Ribeiro -detido no último dia 27, dois dias após o senador, o banqueiro e o assessor parlamentar Diogo Ferreira. A reportagem não teve acesso ao documento.
Eles são acusados de arquitetarem uma trama para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, impedindo que Cerveró falasse sobre Delcídio e André Esteves em sua delação premiada, e também de fazerem um plano de fuga para o ex-diretor.
Ainda não houve resposta do ministro Teori Zavascki, do STF, para esse pedido de revogação da prisão preventiva.
A defesa de Edson Ribeiro, Marcos Crissiuma, afirmou à reportagem que seria impossível se livrar da tornozeleira eletrônica sem que policiais percebessem e que também seria difícil que Cerveró se escondesse sem ser notado, devido à sua fisionomia. “Não existe romper uma tornozeleira eletrônica”, disse.
Além de argumentar que a fuga seria ineficaz, o advogado de Edson Ribeiro sustenta que nada de concreto foi feito em prol desse ato e que a decisão de escapar do país seria pessoal de Cerveró, sem que Edson Ribeiro tivesse condições de interferir.
Ribeiro era advogado de Cerveró e, afirma a Procuradoria Geral da República, negociou com o senador Delcídio os termos da delação premiada do ex-diretor para que o petista e Esteves não fossem citados. Além da fuga, havia promessa de pagamento de uma mesada de R$ 50 mil à família de Cerveró.
Em gravações repassadas à Procuradoria-Geral da República por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor, Delcídio expõe a ideia de levar o ex-executivo até o Paraguai, de onde embarcaria para a Espanha. A sugestão era que ele usasse um avião Falcon 50, que não precisaria pousar para reabastecer durante o percurso.
BANGU 8
A defesa de Edson Ribeiro argumenta que não há elementos que justifiquem a manutenção da sua prisão no presídio de Bangu 8, no Rio.
O advogado Marcos Crissiuma diz que, como advogado, Edson Ribeiro teria a prerrogativa de ficar preso em uma sala especial no presídio. Como isso não existe no Rio, ele sustenta que Ribeiro deveria ter direito ao menos à prisão domiciliar.
Isso porque o motivo da prisão seria o embaraço à delação de Cerveró e, como o ex-diretor já assinou o acordo de colaboração, seria impossível qualquer interferência nele.
Além disso, diz a defesa, Edson Ribeiro teve seu registro na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) suspenso, o que o impede de exercer a profissão e fechar contratos para receber honorários, portanto, não poderia executar parte do roteiro de embolsar honorários falsos para repassar à família de Cerveró.
A defesa aponta ainda que Ribeiro se afastou do caso Cerveró, inclusive de pedidos de liberdade que aguardam análise em tribunais superiores, e aponta que, na verdade, ele nunca participou diretamente dos acordos de delação premiada negociados pelo ex-diretor com investigadores da Lava Jato, tendo sido indicado outro advogado para acompanhar essa negociação.
A defesa de Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, também protocolou um pedido de revogação da sua prisão preventiva junto ao ministro Teori, ainda sem resposta.
Nesta segunda-feira (7), Edson Ribeiro e os outros três presos foram denunciados ao STF pela Procuradoria Geral da República. Os quatro são acusados dos crimes de impedir e embaraçar a investigação de infrações penais (3 a 8 anos de prisão) e patrocínio infiel (6 meses a 3 anos).
Delcídio, Ferreira e Ribeiro também são acusados de crime de exploração de prestígio (1 a 5 anos), isso porque houve a promessa de que haveria intervenção junto a ministros do STF para conseguir a liberdade de Cerveró. Ainda não houve decisão pela abertura de ação penal.
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