
Com cerca de 170 prisões decretadas até agora, uma média de cinco a seis por mês, a Lava Jato acumulou informações e documentos suficientes para produzir novas denúncias à Justiça por, pelo menos, mais dois anos. Esta é a previsão do articulador da força-tarefa, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima.
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Investigações devem avançar além do esquema na Petrobras
Mas o julgamento de políticos com mandato, porém, promete ser bem mais longo. Os trabalhos, que correm em Brasília, ainda não alcançaram o resultado esperado. Pelo menos 54 parlamentares foram identificados durante as investigações de fraudes na Petrobras como beneficiários de propina, mas, até agora, apenas dois deles − Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Nelson Meurer (PP-PR) − viraram réus no Supremo Tribunal Federal.
Se for considerado que três partidos dividiam a propina na Petrobras - PT, PMDB e PP, como defendem os procuradores de Curitiba -, na prática, a operação ainda não cumpriu seu objetivo. “Uma etapa é investigar, outra é transformar em denúncia e apresentar à Justiça. E a quantidade de denúncias que ainda temos a fazer é grande”, projeta Lima.
O procurador lembra, por exemplo, que a denúncia sobre o cartel formado pelas maiores empreiteiras que forneciam serviços à Petrobras ainda não foi feita à Justiça. Por enquanto, seus executivos respondem apenas por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Também não foram feitas denúncias vinculadas a empresas de pequeno porte, que foram identificadas nas investigações e cujos representantes sequer foram indiciados ainda.
Novas denúncias
Em dois anos e cinco meses de investigações, a Lava Jato teve 33 fases até agora, e, de acordo com Lima, em todas há informações que ainda não foram reveladas ao público. Isso significa, na prática, que há novas denúncias para chegar às mãos do juiz Sérgio Moro. Casos como o da ex-gerente da Petrobras Venina Fonseca, que falou sobre irregularidades em contratos na área de comunicação e publicidade da estatal.
Também há contratos da BR Distribuidora e da Transpetro que não foram esmiuçados. Nem mesmo a emblemática Refinaria de Pasadena, no Texas, recebeu a atenção merecida até agora. Apesar de ela ter sido um dos alvos de operações passadas, as apurações das irregularidades na “Ruivinha”, como era conhecida Pasadena, não estão concluídas.
Na avaliação de Lima, as investigações em Curitiba devem durar até o primeiro semestre de 2017. A partir daí, os esforços ficarão nas denúncias. “Temos ainda muito o que fazer”, afirma o procurador. Em média, Moro demora de seis meses a um ano para julgar cada denúncia.



