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Procuradores ameaçam deixar a Lava Jato se Temer sancionar punição a juízes e MP

Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) falaram em retaliação dos deputados federais

 | Antônio More/Gazeta do Povo
(Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que atuam à frente da força-tarefa da Operação Lava Jato criticaram fortemente as alterações do projeto de combate à corrupção aprovadas na Câmara nesta quarta-feira (30) e ameaçaram renunciar à força-tarefa. A alteração que mais recebeu críticas foi a emenda que possibilita que juízes e integrantes do Ministério Público respondam por crime de responsabilidade.

“Vamos renunciar coletivamente à Lava Jato caso essa proposta seja sancionada pelo presidente”, anunciou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

“Nós temos as nossas responsabilidades em outras unidades da federação, em outras procuradorias. Nós vamos simplesmente retornar às nossas atividades habituais, porque muito mais valerá a pena fazer um parecer previdenciário do que se arriscar investigando poderosos”, completou.

O procurador Deltan Dallagnol afirmou que a Lava Jato pode estar com os dias contados. “Se for aprovada, a proposta será o começo do fim da Lava Jato. A força-tarefa da Lava Jato reafirma seu compromisso de trabalhar enquanto for possível”, disse

“Não será possível continuar trabalhando na Lava Jato se a lei da intimidação for aprovada”, completou Dallagnol.

Durante pouco mais de 30 minutos, procuradores disseram que a população brasileira foi enganada pelos deputados e que houve uma desfiguração do projeto original das “Dez Medidas Contra a Corrupção”.

“Rasgou-se o texto das Dez Medidas”, criticou Dallagnol. “Novamente, em uma noite, mudam toda a legislação e criam a intimidação ao Ministério Público. Quem foi ludibriada foi a população. Quisemos a discussão. Em uma noite, tudo se pôs a perder”, continuou.

Segundo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, houve uma retaliação ao trabalho da força-tarefa da Lava Jato. “Aproveitaram um projeto de combate à corrupção para se protegerem. O motivo é porque estamos investigando, estamos descobrindo fatos, iríamos chegar muito mais longe. O instinto é de preservação”, disse.

Em um nota subscrita pela força tarefa e lida por à imprensa por Deltan Dallagnol, os procuradores integrantes da força tarefa afirmam que os deputados aproveitaram o momento de luto nacional pela tragédia que ocorreu com o avião da equipe Chapecoense para aprovar um projeto desfigurado.

“Aproveitando-se de um momento de luto e consternação nacional, na calada da madrugada, as propostas foram subvertidas. As medidas contra a corrupção, endossadas por mais de dois milhões de cidadãos, foram pervertidas para contrariar o desejo da iniciativa popular e favorecer a corrupção por meio da intimidação do Ministério Público e do Judiciário”, diz o texto.

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