Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Por um triz

Sarney perde apoio entre aliados, que cobram solução rápida para crise

Presidente do Senado precisa de pelo menos 41 votos no plenário da Casa, para barrar iniciativas de afastamento

O presidente do Senado, José Sarney, conversa com o senador José Agripino Maia durante sessão plenária | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
O presidente do Senado, José Sarney, conversa com o senador José Agripino Maia durante sessão plenária (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Fragilizado e sem a certeza de ainda ter maioria consolidada no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), está sendo pressionado a decidir seu destino político em agosto, quando acaba o recesso do Congresso. Aliados da base governista no Senado apostam que Sarney não resistirá à pressão cada vez mais forte das ruas após a divulgação de gravações da Polícia Federal, e tentarão articular uma solução negociada com o próprio Sarney. Hoje, o presidente do Senado não tem mais a certeza de que dispõe dos 41 votos necessários para barrar, no plenário da Casa, qualquer iniciativa de retirá-lo do cargo. É o que mostra reportagem publicada nesta segunda-feira (27) pelo jornal O Globo. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute a crise do Senado em reunião com ministros da coordenação política.

A reunião antecipada do Conselho de Ética, antes do fim do recesso, está praticamente descartada. Mas, segundo Casagrande, ex-membro do Conselho, haverá uma batalha quando os conselheiros voltarem a se reunir. Isso porque o grupo de Sarney defende que, se o presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), decidir engavetar as representações contra o presidente da Casa, o único recurso possível é levar o tema ao plenário do Conselho. Mas o entendimento é que o regimento prevê recurso ao plenário do Senado. Nesse caso, Sarney precisa ter 41 votos (entre os 80 colegas) para impedir tanto a abertura de processo, em caso de recurso, como de cassação. E sua base de apoio, sem o DEM e provavelmente sem o PT, está em torno de 40 votos.

Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Lula não deve fazer novas defesas públicas de Sarney, mas ainda quer a manutenção do aliado no comando do Senado, por temer que a oposição assuma o cargo em caso de licença. Nem mesmo os aliados acreditam que Lula volte a enquadrar o PT, cobrando um novo recuo da bancada no Senado, depois da nota do líder, senador Aloizio Mercadante (SP), pedindo a afastamento de Sarney até o esclarecimento das denúncias. Mas Lula, afirmam interlocutores, interpretou a nota não como uma mudança de postura da bancada, e sim como uma manifestação de Mercadante como líder.

Sarney ainda terá a semana do recesso parlamentar, mas em agosto tudo será retomado. Há os que avaliam que ele deverá seguir o mesmo caminho de Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL), renunciando à presidência da Casa, depois de resistir, para manter o cargo de senador. Mesmo ressalvando a força de Sarney e a capacidade de dar a volta por cima, alguns senadores acreditam que a pressão forte das ruas poderá fazer com que os integrantes do Conselho de Ética forcem uma solução acordada, que evite maior desgaste.

Integrantes do PMDB acreditam que, se a situação piorar, antes de se falar em renúncia, teria que se analisar a possibilidade de uma licença de Sarney. Isso poderia retirar o senador da linha de tiro, mas complicaria a situação do governo, que não aceita a oposição no comando da Casa (o vice-presidente do Senado é o senador tucano Marconi Perillo). Para um aliado do presidente do Senado, "além do desafio pessoal de Sarney, há o problema da governabilidade de Lula".

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.