Feudo peemedebista
Conab demite dois por suspeita de irregularidades
Agência Estado
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou ontem que vai exonerar dois de seus dirigentes por irregularidades em obra de R$ 40 milhões. A Conab é um órgão do Ministério da Agricultura, comandado pelo PMDB. O superintendente de Armazenagem, Milton Libardoni, e o gerente da Rede de Armazéns Próprios, Temístocles Barbosa Pinto, foram apontados em relatório da Controladoria-Geral da União como responsáveis por pagamentos irregulares de R$ 12,2 milhões para a construção de um armazém em Uberlândia (MG).
A auditoria determina a devolução de metade do valor. Relatório preliminar da fiscalização, concluído no fim de 2011, constatou superfaturamento de até 200% em produtos empregados na obra. O armazém, para 100 mil toneladas de grãos, começou a ser construído em 1998, mas os serviços foram paralisados dois anos depois. Os contratos com irregularidades foram firmados em 2008 e executados nas gestões dos ex-presidentes da Conab Wagner Rossi (que também foi ex-ministro da Agricultura) e Alexandre Magno Aguiar.
O presidente em exercício, Michel Temer, aderiu ao manifesto dos insatisfeitos do PMDB que protestam contra o projeto do PT de usar uma "ampla estrutura governamental" para ultrapassar os peemedebistas em número de prefeituras. Além de dar razão aos queixosos que lhe entregaram o documento ontem à tarde, ele reconheceu que a pressão do PT sobre o PMDB é grande e, citando São Paulo, disse que não recuará: "O Gabriel Chalita [candidato do PMDB a prefeito da capital] vai até o fim".
"Temos que trabalhar para eleger o maior número de prefeitos", conclamou Temer, declarando-se "defensor da liberdade das coligações" nas disputas municipais. Ao analisar o quadro eleitoral no encontro de uma hora no gabinete da vice-presidência da República, admitiu que o PT tem mais facilidade de acesso a programas e recursos do governo para as bases e prometeu buscar um "tratamento mais igualitário".
O vice acredita que o manifesto vai ajudar o governo, com o alerta das insatisfações. "Olha, vejam bem, vocês estão cobertos de razão. Vou abrir uma conversa [com o governo], falar dessa situação", disse à certa altura. Mas o tom conciliador de Temer gerou dúvidas e cobranças.
"Se vocês estão pensando que viemos aqui para vocês passarem a mão na cabeça da gente, estão enganados. Viemos aqui para resolver. Estamos há um ano e meio ouvindo isto", disse o deputado Manoel Moreira (PMDB-RS), saudado com gritos de "muito bem!".
Para não polemizar, Temer saiu pela tangente. "Você disse exatamente o que eu havia dito, só que com sua voz forte, imponente." Ato contínuo, o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), sugeriu que Temer organizasse uma reunião dos dois líderes peemedebistas ele e o senador Renan Calheiros (AL) com as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para passar ao governo as insatisfações do partido.
Votação
No geral, o grupo de cerca de 20 deputados que se reuniu com Temer saiu satisfeito do encontro. "O importante é que o Michel reconheceu que há insatisfações antigas, que houve uma acomodação por parte das lideranças diante delas e que o documento ajudará a agitar o partido para buscarmos uma solução", resumiu o deputado Danilo Fortes (CE).
Todas essas insatisfações serão postas à mesa hoje pela manhã, quando a bancada vai se reunir para tratar da votação do novo Código Florestal. "Temos que nos reunir e dizer ao governo que não vamos votar. Não podemos ceder", propôs o deputado Darcísio Perondi (RS) ao líder Henrique Eduardo Alves, lembrando-o de que o momento em que a candidatura do peemedebista à presidente da Câmara mais cresceu foi quando houve o enfrentamento na votação do Código.
Assim, o PMDB ameaça impor a mais grave derrota política ao governo Dilma na votação do Código Florestal, com regras de proteção ambiental nas propriedades do país. A votação foi adiada para a próxima terça-feira (leia mais na próxima página). A orientação do líder do PMDB, expressa parcialmente no twitter, é fazer com que o partido vote unido.
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