Durante e depois de sua passagem pela prefeitura de São Paulo, o ex-prefeito Celso Pitta, que teve sua morte confirmada pelo Hospital Sírio Libanês neste sábado (21), esteve envolvido em diversas polêmicas. No ano passado, ele chegou a ser preso durante a Operação Satiagraha. Depois, cumpriu prisão domiciliar por falta de pagamento de pensão à ex-mulher, Nicéa Pitta.
Eleição e gestão na prefeitura
Apoiado pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PP), de quem havia sido secretário de Finanças em sua gestão na prefeitura (1993-1996), Pitta foi eleito em 1996, com 62,2% dos votos, derrotando Luiza Erundina (PT) no segundo turno.
Como na época ainda não havia o instituto da reeleição, Maluf fez de Pitta seu sucessor. "Votem no Pitta e se ele não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim", afirmou durante o horário eleitoral gratuito na época. Eles romperam após a gestão de Pitta.
O mandato do ex-prefeito foi marcado por suspeitas de corrupção, com denúncias surgindo em março de 2000. As denúncias envolviam vereadores, subsecretários e secretários - entre elas, está o escândalo dos precatórios.
Até deixar o cargo, Pitta se tornou réu em treze processos, acusado de superfaturar obras e desviar verbas públicas. Algumas das principais acusações contra ele foram feitas pela ex-mulher Nicéa, que acusou o ex-marido de pagar uma mesada a vereadores para que aprovassem seus projetos.
Operação Satiagraha
O ex-prefeito foi preso no dia 8 de julho de 2008 durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal. Na ação, também foram presos o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, e o empresário Naji Nahas. Segundo a PF, os três encabeçavam uma suposta quadrilha que teria cometido crimes financeiros.
Pitta afirmou, à época, que sua prisão estava relacionada a um "cronograma político". "Há uma disputa eleitoral próxima e meu nome está associado a dois candidatos, Gilberto Kassab e Paulo Maluf. Nada é mais interessante do que atingir esses candidatos indiretamente, por meio da minha imagem", afirmou.Kassab foi secretário de Planejamento de Pitta entre 1997 e 1998. A operação investigou desdobramentos do caso mensalão. Segundo informações da Polícia Federal, tratava-se de uma investigação iniciada quatro anos antes e que trazia informações repassadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a Justiça Federal de São Paulo.
De acordo com o procurador da República Rodrigo de Grandis, Celso Pitta teria recebido de Naji Nahas dinheiro que viria do exterior. "Tudo sugere que o dinheiro entregue por Nahas a ele (Pitta) era dinheiro de Pitta que está no exterior. (...) Há fortes indícios que o dinheiro de Pitta é proveniente de dinheiro desviado da prefeitura (de São Paulo). Mas ainda não há certeza disso."
O ex-prefeito deixou a carceragem da PF três dias depois, no dia 11, beneficiado por um hábeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Pensão atrasada
Em novembro de 2008, o ex-prefeito passou a ser procurado pela polícia após ser condenado pela 5ª Vara da Família por não pagar pensão à ex-mulher Nicéa. Na época, Pitta devia cinco meses de pensão, o que segundo os advogados de Nicéa, equivalia a R$ 100 mil.
O ex-prefeito não foi encontrado pela polícia, e passou a ser considerado foragido. Sua família chegou a oferecer uma recompensa de R$ 1 mil para quem denunciasse sua localização.
Na época, o advogado do ex-prefeito, Remo Battaglia, afirmou que ele não tinha condições de pagar R$ 20 mil por mês para a ex-mulher. Pitta se apresentou apenas depois que sua defesa conseguiu uma liminar que suspendia o pedido de prisão. Ele afirmou que deixou de pagar a prisão devido a perdas de contratos por ter seu nome envolvido na Operação Satiagraha.
Novo pedido de prisão
Em abril de 2009, a Justiça pediu novamente a prisão do ex-prefeito pela falta de pagamento da pensão à ex-mulher. O mandado foi determinado pelo juiz Francisco Antônio Bianco Neto, da 5ª Vara da Família de São Paulo. Celso Pitta devia na época mais de R$ 155 mil reais à ex-mulher.
No mesmo mês, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus ao ex-prefeito permitindo que ele ficasse em prisão domiciliar. O STJ aceitou o argumento de que Pitta precisa de cuidados especiais, porque tinha câncer de fígado e diabetes. Ele passou a cumprir a prisão domiciliar no dia 23 do mesmo mês.
Indiciamento
Logo após começar a cumprir a prisão domiciliar, o ex-prefeito foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de evasão de divisas, operar instituição financeira sem autorização, falsidade ideológica, fraude na Administração de Sociedade Anônima e formação de quadrilha. Na época, outras 22 pessoas também foram indiciadas, entre elas o investidor Naji Nahas. O indiciamento fez parte da Operação Satiagraha.
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