Quais negócios surgirão e desaparecerão nos próximos 5 anos?

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A inteligência artificial veio para ficar. Tarefas repetitivas, atividades com padrões definidos ou procedimento estruturado terão dificuldade em permanecer da maneira como se encontram hoje. Em outra ponta do desenvolvimento tecnológico, o blockchain, o registro eletrônico de contratos, contratos inteligentes, moedas virtuais, o PIX e o DREX irão alterar profundamente as estruturas de atividades relacionadas a contratos de compra e venda, aluguéis, empréstimos e financiamentos. Por fim, a cada dia que passa a população tem mais acesso à internet, sentindo-se mais confortável e segura em realizar procedimentos online (compras, vendas, aluguéis, assistir a filmes, visitar museus, realizar transferências bancárias, entre outros).

Abaixo cito algumas atividades que enfrentarão grandes desafios e mudanças nos próximos cinco anos.

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Mercado financeiro tradicional

Como já acontece há algum tempo, o mercado financeiro tradicional terá novos desafios, notadamente, no que se refere a bancos digitais e bancos de cooperativas. Mas não apenas isso. Os contratos inteligentes, aliados a formas de pagamento descentralizadas, podem perfeitamente desintermediar a atividade financeira do setor bancário para um sistema muito mais diverso de emprestadores e tomadores de recursos financeiros. Atividades como caixas de bancos, atendentes, seguranças e mesmo gerentes provavelmente continuarão encolhendo. Enfim, toda atividade bancária relacionada a agências físicas tende a encolher. Mas, para além dos bancos digitais e de cooperativas, a atividade bancária terá que enfrentar um admirável novo mundo: o DREX. A capacidade do DREX ainda não foi percebida por grande parte dos agentes financeiros.

Importante destacar que o mercado de crédito, capitais e seguros terão grande desenvolvimento nos próximos anos, o Mais Garantia Brasil (novo marco de garantias + novo marco de securitização + modernização dos registros públicos + aprimoramento das garantias agro) fará o mercado de crédito, capitais e seguros crescer a taxas elevadas nos próximos 10 anos. Então existem também amplas oportunidades nesses mercados.

Acredito que nos próximos cinco anos teremos uma competição muito maior no mercado financeiro, e isso é bom para o consumidor que terá mais crédito, juros mais baratos e melhor atendimento. Por outro lado, representa um grande desafio para quem já atua nesse mercado.

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Escolas de idiomas, universidades e Educação em geral

Quantos de nós crescemos com a noção de que aprender a falar inglês era essencial? Famílias mais abastadas inclusive queriam que seus filhos soubessem além do inglês também o espanhol ou francês. Alguns diziam até que era fundamental aprender o idioma da China para se preparar para o futuro. Como linguagens são estruturadas e seguem padrões, acredito que a inteligência artificial será capaz de realizar traduções simultâneas em tempo real. Uma espécie de fone de ouvido, ou um óculos, que traduz imediatamente a conversa entre um brasileiro e um chinês. Acho que o mercado de escolas de idiomas, de tradução de textos, de dublagem de filmes, sofrerá uma concorrência forte da inteligência artificial num intervalo de cinco anos.

O mercado de educação será profundamente impactado pelo uso de novas tecnologias. As universidades sofrerão com a concorrência cada vez maior da educação a distância. Os colégios serão impactados com novas formas de aprendizagem. Enfim, o mundo da educação já sente, e continuará a sentir, os efeitos das novas tecnologias. Novamente, a vantagem aqui é do consumidor, que terá acesso a uma maior diversidade de produtos a preços competitivos.

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Shopping centers, cinemas, supermercados, agências de viagens e lojas de departamento físicas

Já comentei esse tema em texto passado. Incluo agora também a questão dos supermercados e das agências de viagens. Lojas físicas terão cada vez mais dificuldade em competir com lojas virtuais. Diversificar a atividade, oferecer atendimento especializado ao cliente, agregar valor ao serviço são opções para quem já atua nesses mercados. Evidente que quem sair na frente terá vantagens.

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Mercado imobiliário

O efeito da mudança de lojas físicas para lojas virtuais aliado ao crescimento do trabalho remoto (home office) terá grande impacto no mercado imobiliário. Algumas localidades irão se valorizar e outras se desvalorizar. Acredito que será um efeito estrutural. Importante quem trabalha na área estar atento e se preparar para essa mudança de padrão. Isso vale também para quem investe em fundos lastreados em imóveis. Isto é, essa mudança tem efeitos inclusive sobre o mercado financeiro.

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Medicina e teleatendimento

Parece-me nítido que nos próximos 5 anos veremos uma revolução no uso da inteligência artificial aplicada a medicina. O canal mais óbvio é o do teleatendimento ou páginas na internet que, inevitavelmente, irão surgir para explorar esse nicho de mercado. Aqui existe um grande desafio para o regulador, para as sociedades médicas e para o público que necessita de atendimento de saúde. Acredito que, entre todas as suas potencialidades, será na saúde que a inteligência artificial, associada a outras tecnologias, será estruturalmente revolucionária nos próximos 10 anos.

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Direitos de propriedade

Fundamental um amplo debate sobre os direitos de propriedade associados a inovações gerados por inteligência artificial. Ainda não existe esse marco legal, mas ele será necessário em 10 anos. Por exemplo, que tal permitirmos que cada brasileiro venda ou alugue seus dados (coisa que hoje é feita praticamente de forma gratuita)? Como ficam os autores e artistas que forneceram insumos para o desenvolvimento da inteligência artificial? Como ficam os copyrights? Enfim, acredito fundamental um amplo debate sobre direitos de propriedade associados a inovações tecnológicas.

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Atividades jornalísticas

Como diria Glauber Rocha: “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. A expressiva redução nos custos de equipamentos eletrônicos, associada à facilidade de se plugar numa rede de computadores acessível por bilhões de pessoas, está revolucionando a atividade jornalística. Hoje a credibilidade é fundamental e, verdade seja dita, os veículos de comunicação tradicionais enfrentam cada vez mais críticas no que se refere a sua capacidade de isenção. Isso não é uma opinião e nem uma crítica, é um fato comprovado por repetidas pesquisas mostrando a queda na credibilidade dos veículos de mídia tradicionais. Nos próximos cinco anos, novas tecnologias trarão oportunidades e desafios ao jornalismo. Mas reforço que hoje o maior desafio do jornalismo não é tecnológico, e sim de credibilidade. Essa falta de credibilidade gerou uma busca da população por mídias alternativas. O desenvolvimento tecnológico, associado ao barateamento de equipamentos e custos de transmissão, facilitará o aparecimento de novos e importantes concorrentes no mundo do jornalismo.

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Redes de televisão tradicionais (Rede Globo, SBT, Bandeirantes, Record, etc.)

As televisões tradicionais enfrentarão, guardadas as devidas proporções, o mesmo desafio dos cinemas. Novas formas de diversão online estão disponíveis, a geração mais nova passa cada vez mais tempo em aplicativos do que assistindo TV.

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Qualquer atividade repetitiva ou padronizada

Atividades que podem ser executas de maneira repetitiva ou padronizada serão fortemente impactadas. Aqui é uma sugestão de carreira ou de abertura de novos negócios: qualquer atividade repetitiva, ou padronizada, pode ser feita por inteligência artificial associada a outras tecnologias (automação, por exemplo). A expressiva queda nos preços de computadores, câmeras digitais, impressoras, e equipamentos eletrônicos em geral, associada à revolução no tratamento de imagens (e a diversas outras inovações tecnológicas como a inteligência artificial), está tornando economicamente viáveis processos de automação que antes eram inviáveis.

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Uso de drones

Não posso encerrar este texto sem salientar a revolução que está a caminho com o uso, popularização e barateamento dos drones. Guerras, segurança pública, entregas, viagens, exploração mineral, agricultura são apenas algumas das diversas atividades que serão revolucionadas pelo uso de drones.

Existe um admirável mundo novo a caminho. Educação, saúde e segurança pública serão profundamente impactados. Nos próximos cinco anos, mudanças estruturais ocorrerão em nossa sociedade devido a um amplo rol de novas tecnologias, do barateamento de equipamentos eletrônicos e da popularização de aplicativos. Essas mudanças trarão oportunidades e desafios. Cabe a cada pessoa, cada família e cada empresa, fazer o melhor uso possível dessa verdadeira revolução tecnológica que ocorrerá nos próximos anos.

Adolfo Sachsida

Adolfo Sachsida possui doutorado em Economia pela Universidade de Brasília (2000), e pós-doutorado na Universidade do Alabama (2005). Também é advogado. Foi ministro de Minas e Energia no período maio a dezembro de 2022 e secretário de Política Econômica, no Ministério da Economia, no período janeiro de 2019 a abril de 2022. Tem experiência nas áreas de macroeconomia, política econômica, política energética e política mineral.**Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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