Vi uma entrevista do delegado-chefe da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia do Rio de Janeiro, queixando-se de que o Supremo proibiu a polícia de entrar nas favelas, nas comunidades, nos morros, a não ser em ocasiões especiais, e afirmando que isso tem proporcionado o crescimento do crime, do seu arsenal e das suas defesas. De fato: vi fotos que fariam inveja à Linha Maginot – aquela que os franceses construíram para evitar uma invasão alemã –, de aço com lanças, com barricadas de fogo em óleo, um óleo escorregadio nas ladeiras. E não tem como passar blindado da polícia. O delegado se queixou disso, mas foi decisão do Supremo.
O ministro que deixou a violência prosperar no morro fala em combater a violência na eleição
Por coincidência, ainda ontem o ministro Edson Fachin, que foi quem tomou a iniciativa de proibir as operações nos morros, disse que a Justiça Eleitoral não medirá esforços para agir a fim de coibir a violência como arma política. Como assim? Fica paradoxal. Até porque coibir a violência é função da polícia, principalmente o policiamento ostensivo. Coibir a violência que a gente viu na Avenida Paulista, pessoas com barras de ferro quebrando vidro; que vimos em Curitiba, pessoas jogando vidro, botando fogo na bandeira... tomara que não aconteça mais isso, inclusive no 7 de setembro, em que vamos comemorar 200 anos de nossa independência, nossa data nacional máxima. Mas, então, não creio que coibir a violência seja função da Justiça Eleitoral, é da segurança pública.
Dois grandes partidos não sabem mais que rumo tomar
E, por falar em eleições, esta quarta é dia da convenção do MDB e do PSDB. Ninguém sabe que convenção vai ser essa, porque uma parte do MDB apoia Bolsonaro, outra parte apoia Lula, e uma parte diz que apoia Simone Tebet – o que seria o natural, pois ela é do MDB. Os 11 diretórios que apoiam Lula não queriam nem que a convenção fosse realizada agora, queriam que fosse no último dia do prazo, 5 de agosto, para conseguir resolver os impasses.
Qual é o impasse? É o fato de um grande partido mais uma vez não ter um candidato competitivo. Até Ulysses Guimarães, que era o líder máximo do PMDB, teve uma derrota em que ficou com 3% dos votos na eleição em que Collor e Lula foram para o segundo turno. Na eleição seguinte, Orestes Quércia, que foi outro grande líder do partido, ex-governador de São Paulo, fez 4%. Na última eleição, Henrique Meirelles perdeu para o Cabo Daciolo na campanha que mais gastou, R$ 60 milhões, um recorde. E agora a sina do MDB se concentra na senadora Simone Tebet, que acreditou que a CPI da Covid lhe daria essa projeção nacional que ainda não tem. Seu nome é restrito ao Mato Grosso do Sul, as pessoas não sabem quem ela é.
E os tucanos, até a última hora, estavam fechando com o MDB para formar chapa. O MDB daria a cabeça de chapa e os tucanos dariam o vice, o senador Tasso Jereissati, que decidiu cair fora. No fim, o Cidadania – novo nome do Partido Comunista Brasileiro – foi quem deu o vice. É um vexame. Os tucanos gastaram toda a sua energia e muito dinheiro, R$ 12 milhões se não me engano, na disputa interna entre Doria e Leite. É a sina dos tucanos: seus maiores adversários são eles próprios e a indecisão. Fernando Henrique Cardoso parece que já está fora, não aparece mais, acho que ficou desgostoso dos resultados; ele seria o líder máximo do partido, mas a gente nem o ouve mais falando. Essa é a sina de dois grandes partidos.
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