Já há alguns anos sai um índice chamado IPS, que mede a qualidade de vida das pessoas, o grau de satisfação social e o atendimento das necessidades básicas. É uma pesquisa feita por duas instituições da mais alta credibilidade – o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade Harvard – e que mede saúde, nutrição, saneamento, água, moradia. Sabem o que está acontecendo com o Brasil? O país despencou do 46.º lugar para a 67.ª posição em dez anos. É vergonhoso.
Nos dados internos, Brasília aparece como a melhor cidade em qualidade de vida. A cidade da nomenklatura, dos melhores salários – porque são salários gerados pelos impostos de todos. A cidade da burocracia da democracia estatal, dos três poderes da República, da concentração do funcionalismo federal. Brasília tem muito comércio, muito serviço, tem até indústria e uma agricultura pujante – já existe até uma Estrada do Vinho –, mas é estranho que Brasília desponte assim.
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Depois de Brasília vem Goiânia, ainda nesse Centro-Oeste forte. A cidade está bem por causa da pecuária e da agricultura; de fato, há muita riqueza em Goiânia. E agora o estado de Goiás ainda tem um bom governador dando segurança aos cidadãos. Depois vem Belo Horizonte, a capital das Alterosas; em seguida, Florianópolis e Curitiba. Lá atrás estão Maceió, Macapá e Porto Velho, entre as últimas. Muitas vezes isso não é só consequência de administrações municipais, é um efeito geral. Vejo, por exemplo, o Maranhão, que teve políticos de peso, até presidente da República; ou a Bahia, que teve uma força como Antônio Carlos Magalhães. No entanto, ambos ficam patinando em termos de qualidade de vida, de bem-estar social, de segurança pública e de saneamento básico.
Produtores e prefeitos gaúchos estão sendo ignorados em Brasília
Minha cidade, Cachoeira do Sul, ganhou saneamento básico nos anos 20, há mais de 100 anos, graças a um prefeito chamado João Neves da Fontoura, que depois seria ministro de Relações Exteriores; Getúlio passou por cima dele após a Revolução de 30, porque Neves deveria ter sido o governador do Rio Grande do Sul, mas não foi. Pois nesta quinta-feira, em Cachoeira do Sul, o pavilhão da Festa Nacional do Arroz estava lotadíssimo de gente que quer uma solução do governo federal, que só faz anúncio, só fala, mas os produtores querem ação. Então decidiram dar um prazo até 15 de julho para o governo responder à proposta de 15 anos para pagar as dívidas atuais dos que passaram três anos com secas e agora sofreram com a enchente. Carência de três anos, juros favorecidos e uma revisão do seguro, do Proagro, plano para recuperar as terras que foram carregadas pelas cheias.
Prefeitos dos municípios gaúchos atingidos pelas cheias foram recebidos na Câmara pelo vice-presidente da casa. Arthur Lira estava na Câmara, não na Europa como eu pensava, mas não recebeu os prefeitos, não sei o motivo. O pior foi eles terem ido ao Palácio do Planalto em um dia de festa, de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, foram lá antes do evento para serem recebidos pelo presidente da República e foram barrados pela segurança.
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