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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Direita e esquerda

Troca de bandeiras

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Imagem ilustrativa. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

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No dia da posse ilegal de Nicolás Maduro, o líder do governo no Congresso, senador do PT Randolfe Rodrigues, postou no X (de Elon Musk) o que resumo com as mesmas palavras: “O governo venezuelano é uma ditadura e a posse de Nicolás Maduro, hoje, é ilegítima e farsante… regime que desrespeita direitos humanos, alternância e soberania popular… é dever do democrata condenar qualquer ditadura”. Enquanto isso, o mundo escutava o silêncio do presidente Lula e representantes do PT saudavam Maduro em Caracas. Bandeiras trocadas?

Nas manifestações esquerdistas de maio de 1968 em Paris, lembro bem, a bandeira principal era “é proibido proibir”. Em setembro do mesmo ano, no Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho, Caetano Veloso levava o slogan para a esquerda brasileira protestar, cantando É Proibido Proibir. Hoje, no Brasil, a esquerda quer proibir e é a direita que insiste, nas redes, que é proibido proibir. Afinal, é a própria Constituição que veda censura “de natureza política, ideológica e artística” (artigo 220). Bandeiras trocadas?

Jovens de sucesso, ícones do progresso, Musk e Zuckerberg estão sendo rotulados de retrógrados na mídia de esquerda porque não querem censura em suas redes e porque deixaram de acreditar no dogma woke de que, em vez de mérito, a escolha tem de ser pelo sexo, cor da pele, preferência sexual; essa “ordem” alimentou o fogo em Los Angeles, com o fracasso dessas escolhas nos governos locais. Enquanto isso, a direita aplaude a livre iniciativa dos chefes do X e da Meta. Bandeiras trocadas?

O ex-vice-prefeito de Porto Alegre Ricardo Gomes, em magistral pensata que bomba nas redes, citou letras de músicas de protesto da esquerda contra o governo militar e perguntou por que não cantam hoje versos parecidos com os de Apesar de Você, Alegria, Alegria, Cálice, Meu Caro Amigo, Acorda Amor, Pra não dizer que não falei de flores, cujos sons de protesto estariam atualizadíssimos hoje, assim como o filme Ainda Estou Aqui pode se referir também à maioria dos presos do 8 de janeiro de 2023. A classe artística intelectual está calada ante a censura ilegal, enquanto a direita protesta por repentistas e sertanejos mais próximos do povão. Bandeiras trocadas?

O nacionalismo era bandeira da esquerda, incluindo a defesa da Amazônia. Aldo Rebello deixou o Partido Comunista do Brasil depois de 32 anos e se tornou o maior defensor da soberania e da ocupação da Amazônia por brasileiros. A esquerda apoia ONGs estrangeiras e resiste a brasileiros que ocupam a Amazônia. Quem defende a soberania da Amazônia é a direita, enquanto a esquerda cala ante incêndios e a truculência do Estado expulsando brasileiros pobres que a ocupam.

A esquerda já não fala, não faz música nem teatro e cinema para protestar ante o descumprimento de direitos fundamentais da Constituição; ao contrário, incita prisões e censura, nega anistia; enquanto a direita agita as bandeiras de liberdade de expressão, anistia, cumprimento da Constituição. A esquerda que havia proposto transparência da apuração e comprovante do voto, com Roberto Requião, Brizola Neto e Flávio Dino, agora critica a exigência de garantias de que os votos sejam respeitados. Por fim, a decisiva troca de bandeiras: a esquerda, que nas ruas cantava o Hino Nacional, hoje agita bandeiras vermelhas, sem o verde-e-amarelo; a bandeira do Brasil é hoje da direita.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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