Além do fato constatado por todos, de que quem ganhou essas eleições foi a direita e a centro-direita, fazendo mais prefeitos, mais vereadores e tendo mais votos, Jair Bolsonaro também saiu vencedor. Mesmo inelegível, sem participar da eleição, ele avançou até no Nordeste. Em Teresina (PI), por exemplo, um reduto petista, o candidato do PT não ganhou nem com o apoio de Lula e de Wellington Dias, ex-governador e ministro de Lula. Quem venceu foi o candidato apoiado por Ciro Nogueira (PP), que foi ministro de Bolsonaro.
Aliás, o PT não elegeu ninguém em primeiro turno nas capitais. Foi ao segundo turno em quatro das 26 capitais, provavelmente sem chance em nenhuma delas, principalmente em Porto Alegre, onde só houve segundo turno porque o atual prefeito ficou só um pouco abaixo dos 50% dos votos. Era bem o momento de pedir recontagem, se houvesse o comprovante do voto – assim como aconteceu em São Paulo, onde os três primeiros ficaram mais ou menos empatados, indo para o segundo turno Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol).
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Filhos de Bolsonaro se elegeram; quem abandonou o ex-presidente fracassou
Os partidos de centro e direita fizeram quase três vezes mais prefeituras, mais vereadores e mais votos. O campeão de votos foi o PL; de prefeituras, o PSD, de Gilberto Kassab, que é secretário de Tarcísio de Freitas em São Paulo; e o campeão de vereadores foi o MDB. Esses foram os partidos que mostraram mais força. É claro que temos de fazer uma ressalva: em geral, no Brasil, quem puxa mais o voto para prefeito e vereador é o candidato, é sua força pessoal. A força de Bolsonaro foi tanta que agora todos os filhos estão na política: o jovem Jair Renan foi o vereador mais votado de Balneário Camboriú (SC). Bastou dizer “filho de Bolsonaro”. Enquanto isso, uma pessoa que ficou com fama de ter traído Bolsonaro, Joice Hasselmann, foi candidata a vereadora em São Paulo e teve apenas 1.669 votos. Em 2018, candidata a deputada federal apoiada por Bolsonaro, ela teve mais de 1 milhão de votos. Que diferença!
Em Curitiba e Goiânia, segundo turno terá apenas direita e centro-direita
A surpresa em Curitiba foi Cristina Graeml. Sem nenhum apoio, sem estrutura, sem nada, assim como Pablo Marçal, terminou praticamente empatada com o primeiro colocado. E os dois têm mais ou menos a mesma cor ideológica. Vai ser complicado lá, porque Cristina Graeml apoia Bolsonaro, ele gosta dela, mas o adversário dela, Eduardo Pimentel, tem um vice que é do partido de Bolsonaro, o PL. Goiânia está com o mesmo problema – ou dilema, eu diria. De um lado, Ronaldo Caiado; do outro, Bolsonaro. O segundo turno lá tem um candidato de Bolsonaro, do PL, e o candidato de Caiado, Sandro Mabel, do União Brasil. Não deixa de ser uma divisão, e a esquerda muitas vezes tira partido quando a direita, o centro, os conservadores se dividem.
Ministro de Lula minimiza, mas resultado terá reflexos em 2026, sim
O ministro das Relações Institucionais de Lula, Alexandre Padilha, tentou separar esse resultado de eleição presidencial futura e passada. Nós ficamos sem entender. Se a centro-direita tem tanto voto a mais que a esquerda, se todo mundo sabe que a nação brasileira é conservadora, como foi que Lula ganhou? Isso vai, sim, influenciar a eleição de 2026, tanto presidencial quanto para governadores, deputados e dois terços do Senado. É um resultado eloquente, embora ainda precisemos do comprovante do voto para garantir, e de menos intervenção na campanha eleitoral, que precisa de mais laissez-faire, mais liberdade de expressão.
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