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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Corrupção no Brasil

Farra do dinheiro vivo na política brasileira: uma crônica do descaso repetido

Real em espécie (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/arquivo)

Todo mundo lembra daquelas malas cheias de dinheiro - dinheiro nacional e dólar - em um apartamento em Salvador (BA), do Geddel Vieira Lima. Pois é, o Geddel foi vice-presidente da Caixa Econômica, foi ministro do governo petista, uma festa.

A gente vê toda hora! É dinheiro na cueca, dinheiro jogado no vaso sanitário, dinheiro jogado pela janela. Agora aparece dinheiro do assessor de um deputado que se chama Antônio Doido. Teve 126 mil votos para se eleger deputado federal. Eu pergunto quem é mesmo o doido, se não o eleitor dele! Meu Deus do céu! Ele é do MDB, do Pará. Mesmo partido de Jader Barbalho e do governador Hélder Barbalho.

Mas é isso! Pegaram o assessor desse deputado - que não é funcionário de carreira da Câmara, não fez concurso, mas está lá, com cargo de confiança - com R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Foi preso pela Polícia Federal. E ninguém sabia porque era um assessor que não tinha nome e era assessor de um deputado anônimo. Depois que descobriram.

Agora, vejam só, o assessor preso foi para a audiência de custódia e depois foi embora para casa. Aí vocês comparem com a imposição lá do Supremo Tribunal Federal (STF) para pessoas que estão sendo investigadas pelo golpe. Elas têm que ficar isoladas porque não podem falar com as outras. Já o assessor foi liberado para combinar tudo com o patrão dele. E não é só R$ 1 milhão não, ainda pegou mais R$ 100 mil que estavam numa mochila no carro. Eu não sei como é que conseguem ajeitar tanto dinheiro.

E como é isso? Não se confia mais em banco? Tudo que é cidadezinha tem uma agência. Se não for o Banco do Brasil, é Bradesco, é Itaú. Então, não é esse o problema, é para o dinheiro não ficar registrado. Mas é toda hora isso, não para nunca.

Esse dinheiro vocês sabem de quem é? É seu, é meu, é dos pagadores de impostos. E eles não têm a menor responsabilidade, o menor respeito, porque eles acreditam na impunidade. Como eles não fazem crime de opinião - não é um crime de falar, é um crime de fazer e pegar dinheiro - sabem que estão livres. Porque quem pegou dinheiro lá no Lava Jato e até devolveu continua livre. Infelizmente, temos essa tristeza de constatar isso. Esse é um fato, eu não estou criando, não estou inventando. Isso é fato.

Confidência de Lula e a valorização do real

O dólar caiu. Aliás, não foi o dólar que caiu, foi o real que se valorizou quando vazou uma fala de Lula, uma confidência de Lula na reunião ministerial de segunda-feira (20), na residência do Torto. Na ocasião, ele disse que estava pensando em não se candidatar à reeleição por dois motivos: a cirurgia na cabeça e aquele problema com o avião presidencial lá no México, que não foi causado por uma ave, foi um alerta lá do rotor do motor.

Na hora em que saiu essa notícia, o real se valorizou em 1,4% ou o dólar caiu 1,4%. Olha que coincidência: em junho de 2017, quando o Lula foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro, há nove anos e meio pelo presente lá do triplex de Guarujá, o dólar caiu exatamente 1,4% pelo mesmo motivo. O mercado diz: "Puxa, a economia brasileira vai se livrar de Lula e a gente vai poder crescer mais. O mercado vai ficar mais saudável, não vai ter inimigo do mercado, inimigo do capitalismo, inimigo do liberalismo econômico, um amigo do estatismo." É isso que acontece num momento em que há uma desconfiança muito grande em relação ao governo.

As pesquisas estão mostrando que 63% dos brasileiros acham que o governo está no rumo errado, segundo o Instituto Ipsos. E 65% acham que a economia está se prejudicando por causa disso. Eu acho que o Lula deve estar cansado, a gente vê que ele já não tem mais a mesma disposição. Mas devia ter formado um governo menor, com menos ministérios e com base na eficiência e na eficácia. Mas está na base da propaganda, da conversa. Esse é o problema.

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