Daniela do Waguinho talvez saia essa semana. A fritura já vai para quase 40 dias, e ela resiste. Ela é deputada e seu marido é prefeito de Belford Roxo, um município que não deixou entrar a campanha de Bolsonaro; por isso Lula a nomeou ministra. Sendo deputada, ela deu as costas para os seus eleitores para ser empregada do presidente da República.
E, se uma ministra está para sair, já começou a fritura de outra: Ana Moser, ministra do Esporte, aquela que disse que jogos eletrônicos não eram esporte. Ela vai resistir porque o pessoal do governo diz que não vai ser para já, mas o objetivo é botar um deputado do Republicanos de Pernambuco, Sílvio Costa Filho. Eu não sei o que ele sabe de esporte; sei que ele recebeu o voto de 162.056 pernambucanos, acreditando que ele seria fiel aos seus eleitores, tendo recebido deles uma procuração para representá-los na Câmara dos Deputados. Mas ele estará dando uma banana para esses eleitores se aceitar o ministério, como todos os outros deputados e senadores que viram ministros, empregados do presidente da República. Eles não entendem o que é democracia, o que é a representação popular, o que é o exercício do poder pelo povo por meio de seus representantes, porque desprezam seus eleitores querendo ser ministros.
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Luto no esporte por causa de briga entre torcidas
Falando em esporte, queria mencionar a tristeza no encontro de dois grandes times brasileiros, Flamengo e Palmeiras, no sábado, em São Paulo. Horas antes do jogo, na frente do estádio, um torcedor do Flamengo jogou uma garrafa e acertou uma torcedora do Palmeiras, de 23 anos, que morreu na segunda-feira. A confusão aconteceu quando abriram um portão de aço que estava separando as torcidas para a entrada de uma viatura da guarda metropolitana. Leonardo Filipe Xavier Santiago, 26 anos, foi preso e enquadrado em homicídio doloso com agravante de motivo fútil. Vai ficar muito tempo na cadeia, pelo jeito – e merece ficar, como exemplo. Gabriela Anelli Marchiano resistiu, na infância, a cirurgias no coração, nos rins e no pulmão, mas não resistiu a um caco de garrafa, atirada com tanta violência que, ao se espatifar, entrou na jugular dela e a matou.
Ministro quer atropelar imunidade e perseguir deputado por discurso
Um ministro que foi juiz federal – e portanto conhece de cor e salteado a Constituição, sabendo muito bem que o artigo 53 diz que deputados e senadores são “invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer palavras, opiniões ou votos” – está pedindo para a Polícia Federal examinar um discurso do deputado Eduardo Bolsonaro, que comparou professores militantes que atraem jovens para o marxismo aos traficantes que atraem jovens para o tráfico. A Constituição diz “quaisquer palavras”, quaisquer. Mas o ministro mandou a Polícia Federal verificar se no discurso há alguma coisa contra a lei. Está virando censora, então? Vai fazer papel de censora. Vivemos tempos muito, muito estranhos, e ficamos nos perguntando: vale ou não vale a Lei Maior? Se a lei maior não for respeitada, imagine as outras leis, as leis ordinárias, as leis complementares, de que valerão?
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos