Aviões da Força Aérea Brasileira estão indo a Israel para retirar brasileiros. Fico preocupado em saber como será feita a triagem, porque nem todos têm documentos, alguns têm mais de uma nacionalidade, alguns podem estar na Palestina, e outros em Israel. Eu conheço a região; cobri a guerra de 1982, e depois estive lá a turismo. Não será fácil; não há como confiar em todo mundo que se diz brasileiro e vai entrando no avião, porque depois vai desembarcar no Brasil. É bom pensarmos nisso.
É a mesma coisa contra a qual está protestando a Câmara Municipal de Curitiba. O sujeito diz que é mulher, e entra no banheiro das meninas de uma escola. Os vereadores se insurgiram contra isso e estão mandando uma moção ao Ministério de Direitos Humanos, já que um conselho que integra o ministério baixou uma resolução dizendo que a pessoa pode usar o banheiro de acordo com a sua identidade de gênero, com a “identidade” ou “expressão de gênero” de cada estudante. Na escola estuda-se Biologia. Sabemos que somos mamíferos vertebrados, primatas da família dos hominídeos, do gênero Homo, espécie sapiens. Somos divididos em macho e fêmea, como todo o reino animal. Que história é essa, então? Em casa a família toda se mistura, mas em banheiro público, entra lá uma menina de 6 aninhos e depois entra um marmanjo que diz que é mulher? Parece que enlouquecemos.
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Poder de fogo dos bandidos faz do Rio a nossa Faixa de Gaza
Eu falei de Israel, mas aqui no Brasil temos coisas semelhantes. Na segunda-feira, houve uma operação com mais de mil policiais na Penha, na Maré, na Cidade de Deus, para executar ordens de prisão, e atiraram no helicóptero da polícia. Enquanto isso, forças policiais se mobilizam na Amazônia para retirar brasileiros de território que não era indígena, mas virou indígena porque fizeram uma negociação na hidrelétrica de Tucuruí; os índios que estavam lá foram receber uma nova reserva onde já havia pessoas plantando cacau, criando gado... e ninguém diz nada!
Estamos preocupados com o que está acontecendo no Oriente Médio, e é certo que nos preocupemos, mas isso está acontecendo aqui no Brasil também. É a violência no Rio de Janeiro, é essa injustiça com brasileiros na Amazônia. Em Jacareacanga, em quase toda parte, temos coisas semelhantes; depois entram o álcool, a droga, no momento exato em que as pessoas estão desesperadas. E o Estado brasileiro não ajuda. O Ibama está mandando veterinários para cuidar dos botos. E quantos médicos são mandados para lá pra cuidar dos amazônidas e dos ribeirinhos, que são escondidos do satélite embaixo da copa das árvores? Essas coisas nos dão tristeza.
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Campo terá paz ou guerra? Depende de Lula
Ainda estão discutindo o tal Linhão de Tucuruí, que levaria energia elétrica de Manaus para Roraima. Agora mesmo o governo Lula lançou acordo com a Venezuela para fornecer energia elétrica para Roraima porque o linhão, que deveria estar entregue em 2015, tem 120 quilômetros passando pela Reserva Waimiri-Atroari, e os índios estão pedindo R$ 190 milhões de indenização; parece que vão pagar R$ 90 milhões. A Funai pediu uma investigação em 2021, porque pode haver tramoia no meio para aumentar a indenização. Também dizem que o fim do marco temporal vai gerar uma indústria de indenizações, em que ganham advogados, ONGs e muitos intermediários, que vão tirar partido disso. Aliás, o projeto de lei aprovado na Câmara e no Senado, e que deixa bem claro o que é o marco temporal escrito na Constituição, está nas mãos do presidente Lula. Da decisão dele dependem a paz ou a guerra no campo. É o que vai acontecer, é o que está acontecendo na Amazônia, é o que acontece no Rio de Janeiro.
Temos aqui a nossa Faixa de Gaza, mas parece que, no nosso complexo de vira-latas, somos indiferentes ao sofrimento dos brasileiros e ao Estado inoperante que só quer se meter na nossa vida, mas não presta serviço a nós, os pagadores de impostos, os mesmos que seremos chamados a pagar uma indenização de R$ 90 milhões pelo Linhão de Tucuruí.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos