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Alexandre Garcia

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Economia

Rombo aumenta, Lula quer mais concursos, mas o problema são os feriados…

Lula e o ministro Fernando Haddad no programa "Conversa com o Presidente", em 21 de novembro. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

O governo refez o cálculo do rombo nas contas públicas para este ano, que será de R$ 177 bilhões – até agora. No ano passado, houve superávit de R$ 59,7 bilhões. Ou seja, a diferença é de quase R$ 237 bilhões. É muita coisa! Coincidentemente, o presidente Lula, na Conversa com o Presidente, reverteu o que ele tinha dito lá atrás, quando aumentou o número de ministérios de 22 para 38 e prometeu que não haveria aumento de despesa, que não contrataria um funcionário sequer. Pois agora ele disse que terá de fazer concurso e abrir vagas, porque está faltando funcionário exatamente nos ministérios que ele criou: da Igualdade Racial, dos Povos Indígenas, e das Mulheres. E também vai precisar de fiscais para evitar o desmatamento e para combater queimadas. Ou seja, esse rombo de R$ 177 bilhões ainda vai longe.

E Lula diz que a culpa do PIB menor não é do gasto que só aumenta, é dos muitos feriados que houve neste ano. Mas, no sentido contrário, seu ministro do Trabalho está tentando impedir que supermercados, lojas, lanchonetes, farmácias, imobiliárias, concessionárias abram nos feriados. O Congresso Nacional reagiu, ia derrubar a portaria, mas, para isso não acontecer, o ministro Luiz Marinho revogou a portaria e prometeu publicar outra, que só valeria a partir de março. É uma desculpa estranha.

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Congresso reage à morte anunciada de Cleriston 

Houve muitos discursos nos plenários da Câmara e do Senado sobre a morte anunciada do preso político Cleriston Pereira da Cunha. Ficamos sabendo que desde 11 de janeiro já havia um laudo assinado por uma médica dizendo que ele estava com doença grave. Não era só diabetes e hipertensão, mas vasculite: inflamação dos vasos dos rins, do fígado, do cérebro, do coração, dos pulmões. E mesmo assim ele ficou dez meses preso sem condenação, sem culpa formada, sem prova de nada. Ele disse que estava trabalhando no momento em que estavam quebrando tudo na Praça dos Três Poderes, e que chegou lá no fim, depois da quebradeira. Foi acusado de fazer golpe armado, mas nem ele nem ninguém estava armado; encontraram um canivete naquele grupo todo. Foram dez meses de prisão preventiva sem nenhum motivo. Ele não era um sujeito perigoso, não tinha nenhum antecedente, era para ficar em casa aguardando o processo.

Na quarta-feira foram soltos cinco réus do 8 de janeiro, gente doente, como o paranaense Jaime Junkes, 68 anos, que tem miocardite e perdeu 27 quilos a menos. Estava esperando desde 25 de agosto, quando o subprocurador-geral Carlos Frederico de Souza, encarregado do 8 de janeiro, mandou para o ministro Alexandre de Moraes os pedidos de soltura das pessoas doentes, inclusive Cleriston. Mas eles ficaram mais três meses na cadeia, e agora há um morto. Não existe pena de morte no Brasil, mas o caso de Cleriston parece exatamente isso: pena de morte, e sem que houvesse condenação, sem culpa formada. O Ministério Público já não é mais o autor da ação: ele pede para arquivar a ação, diz que não há razão para manter alguém preso em regime fechado, mas ninguém dá bola. Cleriston tinha de estar em casa, com tornozeleira, recebendo medicação, se apresentando à Justiça semanalmente, mas agora está no cemitério. É incompreensível, é Kafka puro.

Embora não haja reação na mídia tradicional ao caso de Cleriston, no Congresso Nacional a reação está sendo forte, ainda há democracia por lá. Estão insistindo com Rodrigo Pacheco para ele se levantar, porque está sentado em cima de pedidos de impeachment de ministros do STF, e ainda estão colhendo assinaturas para uma CPI de abuso de autoridade.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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