Eu vou falar de Donald Trump, porque tudo que ele faz lá na Casa Branca tem reflexos aqui. É como o Big Bang, a explosão que deu origem ao universo: há uma explosão nos Estados Unidos e as ondas de choque chegam aqui. A primeira delas é essa sobretaxa no aço e no alumínio que os americanos importam, e que teoricamente afeta o Brasil.
Mas o Brasil tem chances de mudar isso, porque não temos superávit comercial sobre os Estados Unidos; é o contrário. Não é como a China. O aço brasileiro vai para a indústria de eletrodomésticos, a indústria automobilística, e os produtos vão ficar mais caros. Eles mesmos vão pressionar o governo norte-americano para fazer um acordo com o Brasil.
Além disso, há uma siderúrgica genuinamente brasileira, a Gerdau, que está produzindo aço nos Estados Unidos. Se o aço se valorizar por lá, se o preço subir por causa da lei da oferta e da procura, essa empresa brasileira vai ganhar, terá mais demanda para fornecer aço para os Estados Unidos. Por outro lado, aqui temos a Companhia Siderúrgica Nacional, a ArcelorMittal, que vão sofrer. Metade da nossa exportação de aço vai para os Estados Unidos.
O Brasil não precisa bater em Trump, como tem feito o presidente Lula. É melhor ficar quieto. O Itamaraty está quieto porque sabe que pode fazer um acordo. O Canadá e o México já prometeram proteger a fronteira. O México disse que não entrarão nem imigrantes ilegais nem drogas nos Estados Unidos; o Canadá também garantiu que não haverá mais droga entrando nos EUA. Os americanos, então, deram um mês para os dois países demonstrarem isso.
Terras raras, que causam guerra na África, podem ser chave para paz na Ucrânia
Acabei de mencionar que Canadá e México já concordaram com os pedidos de Trump. Pois até Vladimir Putin está falando de paz com Trump toda hora, assim como o presidente da Ucrânia. Volodymyr Zelensky lembrou que os americanos botaram tanto dinheiro para ajudar a Ucrânia a se defender, e disse que o país tem as chamadas “terras raras”, minerais raros; então, vamos conversar, fazer um acordo e conseguir a paz.
A respeito de terras raras, há uma grande e terrível guerra matando gente na África, e ninguém dá bola. Grupos guerrilheiros ligados ao exército de Ruanda invadiram regiões do Congo, atrás de minerais. Há certos minerais que Ruanda exporta, mas que não é ela quem produz; quem produz é o Congo. E esses interesses de mineração se aproveitam da rivalidade secular entre etnias como hutus e tutsis, por exemplo, que se matam por lá.
Enfim, estão todos correndo atrás desses minerais por causa de baterias de carros elétricos, de celulares, de computadores. O coltan, por exemplo, é um mineral usado em computadores e celulares. Tântalo, lítio, nióbio, tudo isso temos aqui. O Brasil tem 18% desses minerais raros do mundo, mas nós não nos mexemos. Parece que sai só 1% só. Poderíamos estar ganhando com isso.
Trump não quer dinheiro americano bancando segurança da Europa ou grupos terroristas
O presidente francês, Emmanuel Macron, está dizendo que vai aumentar a verba para defesa, porque Trump criticou o fato de os EUA estarem gastando o dinheiro do contribuinte americano para garantir a segurança da Europa. Agora estão descobrindo que recursos da Usaid foram até para grupos terroristas, para o Hamas, por exemplo. Bilhões de dólares dos pagadores de impostos dos Estados Unidos vão para inimigos dos Estados Unidos. É isso que Trump está interrompendo.
Hugo Motta fez “exoneraço” na Câmara
O novo presidente da Câmara está mostrando serviço mesmo, não são apenas palavras ao vento. Ele já exonerou 465 funcionários que estavam recebendo o dinheiro dos nossos impostos e certamente eram dispensáveis, não tinham nenhuma utilidade para a Câmara, estavam lá pendurados num cabide de emprego.
Ministro da Defesa volta a dizer que 8 de janeiro não foi golpe e critica condenações
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, foi ao Roda Viva e confirmou o que já havia dito: que o que aconteceu no 8 de janeiro não tem os ingredientes de um golpe. Falou em senhoras que não jogaram uma pedra sequer sendo condenadas a 17 anos de prisão. Ou seja, ele deu força para o movimento de anistia que está circulando no Congresso. Ao mesmo tempo, o ministro reforçou a teoria de que houve bagunça, sim. Eu gostaria muito de ver condenados aqueles que estavam no destacamento precursor, que abriu as portas do Palácio do Planalto e começou o quebra-quebra lá dentro, e não aqueles que entraram depois, fugindo da fumaça das bombas de gás lacrimogêneo.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos