
Ontem eu citei de passagem os episódios do balão de Santa Catarina e da brasileira que caiu no vulcão na Indonésia. Eu disse que os que ficaram no balão morreram, e algumas pessoas reclamaram de eu não ter esclarecido por que uns morreram e outros sobreviveram. O balão desceu, já pegando fogo, e 13 pessoas pularam do balão, que ficou mais leve e voltou a subir rapidamente, levando os oito que morreram.
Não sei se houve alguma falha. Quem está manobrando o balão precisa ter formação para emergências. Eu vi que o extintor de incêndio não funcionou e que o fogo começou naquele maçarico que esquenta o ar, deixando-o mais leve para o balão subir. Não sei se devia haver ali, em caso de emergência, uma maneira de cortar as cordas que ligam o cesto ao balão em si, ou se o piloto deveria ter informado que todos tinham de pular juntos, para depois o balão ir embora queimando. Depois que acontece algo assim, vemos as falhas e elas são corrigidas para evitar novos acidentes, mas o balonismo sofreu um baque muito grande.
Eu vi imagens da trilha onde caiu a Juliana Marins, e também já subi três vezes no Vesúvio, na Itália. Aquelas beiradas são muito soltas, têm uma poeira vulcânica que parece talco e pode agir como se fosse uma areia movediça. O que sobra da lava que secou durante muitos e muitos anos, formando o cone, não tem estabilidade; escorregar ali é muito fácil. Subi também no vulcão Osorno, na Patagônia chilena, mas ali o piso é mais bem formado. Tivemos o caso do Silva Jardim, escritor e político brasileiro que morreu no Vesúvio.
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Parece que o governo da Indonésia está enrolando a família da Juliana e não está contando exatamente o que está acontecendo. Acho que, se estão em uma trilha com guia, deveria haver uma corda prendendo a cintura de cada um; se alguém escorregar, os outros seguram. Parece inclusive que este não é o primeiro caso. E a corda que eles tinham no momento tinha 150 metros, quando ela havia caído 300 metros, com identificação feita por drones. No momento em que estava gravando o áudio, não sabia se ela estava sendo atendida, recebendo água; talvez algo já tenha acontecido quando você estiver ouvindo ou lendo esta coluna.
Nem prisão por corrupção é motivo para censurarem Cristina Kirchner
Cristina Kirchner está em prisão domiciliar após ter sido condenada por corrupção, mas você pode ler o que ela escreve nas mídias sociais a qualquer momento. Agora há pouco, entrei no X e ela estava falando sobre a guerra no Irã. Cristina grava mensagens para os eleitores, aparece na sacada – parece que ela até consultou a Justiça para saber se a sacada fazia parte da prisão domiciliar. Ela mora em um bairro em Buenos Aires, perdeu a liberdade de ir e vir, mas não está bloqueada nem calada; está exercendo a sua liberdade de expressão.
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Ministros do STF antes circulavam livremente por Brasília, agora precisam de segurança vitalícia
E aí comparamos com o Brasil, onde o Supremo parece não entender por que agora tem de pedir segurança vitalícia, mesmo para os ex-ministros. Eu não sei quantos ministros do Supremo estão aposentados com segurança bancada pelos pagadores de impostos, enquanto os pagadores de impostos ficam sem segurança vitalícia. Os ministros deviam se perguntar por que chegaram a esse ponto. Ano que vem completo meu cinquentenário em Brasília, e cansei de encontrar ministros do Supremo na rua, no shopping, caminhando, conversando. Eles atravessavam a rua já com as vestimentas do julgamento, e todos cumprimentavam, não havia problema algum. Mas agora eles precisam de segurança vitalícia para poder frequentar lugares públicos, para ir a um clube, é algo para se pensar.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




